quarta-feira, dezembro 31, 2003

MUDANÇA DE PARADÍGMA
(Conclusão)

O que se passa é que o desenvolvimento estratégico do concelho falhou. E falhou sobretudo na captação de investimentos, motor de qualquer economia, que levassem à criação de postos de trabalho que, por sua vez, aumentariam o consumo dentro do próprio concelho. Os equipamentos até agora construídos, salvaguardando as virtualidades da maioria deles, são altamente deficitários, onerando muito a despesa corrente municipal pois falham rotundamente na promoção da comparticipação dos seus custos de manutenção.; a atractividade é cada vez mais reduzida, com a consequente perda da quantidade e qualidade dos turistas que nos procuram; o desenvolvimento das acessibilidades em Ponte de Lima não foi aproveitado pois o importante eixo rodoviário em que nos situamos tem servido para que os limianos demandem outras paragens e outros mercados e não para atrair visitantes e consumidores de qualidade.
Julgo que é, pois, este o momento de repensar Ponte de Lima.
Em primeiro lugar aqueles que projectam e pensam Ponte de Lima têm que ser substituídos. Foram sempre os mesmos e sente-se hoje uma enorme necessidade de arejamento. Depois, somos demasiado pequenos para pensarmos sós, fechados sobre nós próprios. O futuro deve ser pensado e planificado com base em parcerias, em colaboração com outras autarquias e instituições. O Vale do Lima é pequeno, muito pequeno, não tem corpo, peso e massa crítica suficientes. Não concordo pois com a Comunidade Urbana do Vale do Lima, decidida unilateralmente pelos autarcas dos respectivos municípios. Veria com satisfação o seu alargamento a outros concelhos, sobretudo quando esses concelhos, como consequência da decisão dos autarcas do Vale do Lima, ficariam impedidos no seio da sua associação, de acederem a fundos provenientes da administração central. Contudo, nesta questão particular, dou o benefício da dúvida, sempre assente em dois importantes pressupostos: o primeiro, de que as portas da Comunidade Urbana nunca estarão fechadas a outros candidatos; o segundo por estar convicto que este nunca será um processo de regionalização, não passando a comunidade urbana de uma associação de municípios com mais competências e mais meios.
O mesmo não se pode dizer relativamente ao Pacto Para o Desenvolvimento do Minho, lançado e dinamizado pela Universidade do Minho, tantas vezes acusada de estar longe das populações, sobretudo das do distrito de Viana do Castelo. Esta é uma grande oportunidade, onde nada temos a perder e, com toda a certeza, muito a ganhar. Começou mal, concordo, mas os erros foram ultrapassados, estando reunidas as condições necessárias para vermos, termos e sentirmos o Minho unido como nunca esteve, em torno de um grande objectivo: a coesão e a correcção de assimetrias, projecto em que estarão envolvidas universidade e politécnicos, empresários, sindicatos e municípios. Só assim poderá ser delineado um rumo, uma estratégia que sirva também Ponte de Lima, uma ideia para toda uma região que não pode viver de costas voltadas. Só com coesão se pode defender o desenvolvimento, que tem que ser coerente, consistente e articulado. Só com novas ideias se poderão promover as condições de vida das populações, através do acesso à formação, emprego e cultura. Só com coesão poderemos transformar o Minho, como se pretende com o Pacto, num projecto-piloto de desenvolvimento, transformação e inovação.

segunda-feira, dezembro 29, 2003

MUDANÇA DE PARADÍGMA
(Continuação)

A minha percepção é a de que há ainda muito a fazer mas, muito do que falta, enquadra-se no campo daquilo que considero ser essencial para o conforto e qualidade de vida das populações. E esta é uma questão central, porque leva-nos a concluir que, até hoje, se gastou muito dinheiro no acessório, deixando para segundo plano o que, teoricamente, seria mais importante. Faltou uma correcta avaliação e definição de prioridades. E de nada serve dizer que ainda se vai fazer muito até 2006 porque estas deviam ser as prioridades absolutas desde a primeira hora, já lá vão mais de dez anos. Sendo certo que “mais vale tarde que nunca”, também não podemos esquecer que “quem espera desespera”.
E de que falamos concretamente?
Do abastecimento de água e saneamento, em que estamos longe, muito longe, das necessidades e metas definidas e dos níveis de outros concelhos vizinhos. Ainda hoje o progresso nesta área é lento. Continuando no mesmo contexto, a ETAR existente continua a funcionar de forma deficiente e não tem capacidade para tratar a quantidade de efluentes que até ela chegam; a montante de Ponte de Lima, e das suas captações de água, existem diversas descargas directas no Rio Lima; ETAR do Pólo Industrial da Gemieira ainda não funciona; a praia fluvial do Arnado (que parece que já não é) parece ter sido abandonada; o Rio Labruja traz-nos frequentemente #grandes surpresas”; na educação, o Primeiro Ciclo do Ensino Básico continua alegremente sem acção social escolar, num concelho onde existem famílias com grandes carências; só agora se fala em Centros Escolares, quando temos uma rede demasiado extensa, sem articulação, o que lhe retira qualidade e eficácia; o desporto continua a ser o parente pobre do município, nunca motivado para uma área essencial quando se fala de qualidade de vida; o turismo, a potenciação, preservação do enorme manancial ambiental e patrimonial do concelho têm sido secundarizados e as consequências são bem visíveis: o domingo em Ponte de Lima é o melhor painel ilustrativo da decadência do sector. Não podemos apregoar qualidade e praticar a mediocridade; o desenvolvimento do concelho foi sempre operacionalizado a duas velocidades: a velocidade da sede do concelho e a das restantes 50 freguesias. Foi uma Presidente de Junta eleita nas listas do mesmo movimento do Presidente da Câmara Municipal que o disse na comunicação social: “Há cinco anos e meio na presidência e falta fazer quase tudo. Só pensa (o P. C.) em fixar o dinheiro na vila e esquece as aldeias, sobretudo as que ficam mais longe da sede do concelho”
(Continua)

sábado, dezembro 27, 2003

Intervenção efectuada na Assembleia Municipal de Setembro de 2003. Para que conste...

MUDANÇA DE PARADÍGMA

Os dias correm melancolicamente em Ponte de Lima, vila sempre bela e aprazível mas, essa melancolia tem um efeito anestésico sobre os próprios limianos, que começam a ter dificuldade em reflectirem sobre si próprios, sobre a sua vila e concelho, sobre o que de bom temos e foi feito, mas também, o que não foi feito e o que falhou no projecto para Ponte de Lima actualmente em vigor e que já foi iniciado há largos anos.
Espero, neste curto espaço que me é concedido, dar um pequeno contributo para essa reflexão, uma reflexão pragmática e objectiva, não influenciada pelo bucolismo que tanto inebriou os nossos poetas.
Ponte de Lima mudou muito nos últimos vinte anos. Mesmo muito, atrevo-me a dizer. Quase sempre para melhor e ainda bem que assim foi já que os meios de que dispuseram os nossos responsáveis políticos foram muitos, tantos que nunca mais chegarão a ser tantos como aqueles que já foram até hoje gastos. A oportunidade criada pela adesão à União Europeia e pelos fundos comunitários que chegaram entretanto a Portugal, não se repetirá após 2006. É precisamente por isso que, a pouco mais de dois anos do encerramento do III Quadro Comunitário de Apoio (2001/2006), quando as verbas disponibilizadas já estão gastas ou afectas a projectos concretos, que me proponho fazer uma análise ao passado, projectando o futuro.

(Continua)

terça-feira, dezembro 23, 2003

BOAS FESTAS

Um Feliz Natal e um ano 2004 que vá de encontro aos desejos de todos os que digam visitar este modesto espaço de reflexão, são os votos sinceros do PPP "Parar Para Pensar".

segunda-feira, dezembro 22, 2003

O avanço da Valimar e a fuga do PS

Se dúvidas havia relativamente à posição política do PS relativamente à constituição das comunidades urbanas, todas elas ficaram dissipadas na passada sexta-feira. As assembleias municipais aprovaram a adesão dos municípios de Caminha, Ponte de Lima e, estranhamente, o PS abandonou as respectivas salas, virando a cara à luta e às suas convicções, se é que existiam, deixando que tudo acontecesse na maior das normalidades. Foi uma posição estranha e incompreensível. Estranha porque todos pensavam que o PS teria uma palavra importante a dizer ao distrito, relativamente ao futuro, ou seja, como vai ser a coabitação entre as duas comunidades previstas e que esperanças restarão quanto a uma hipotética fusão, repondo a unidade do distrito que todos desejamos. Mas não. Apoiando-se num expediente burocrático abandonaram, invocando atitudes anti-democráticas mas exercendo a mais punitiva atitude que pode existir: virar as costas à luta, fingindo que nada acontece e deixar correr...

Agora temos uma comunidade urbana forte, com dinâmica reconhecida no vale do Lima e frente atlântica, ficando uma comunidade debil no vale do Minho, sem acesso a fundos do orçamento de Estado, com dinâmicas inferiores e politicamente fragilizada. O que agora se pode esperar é que a luz desça rapidamente sobre as cabeças dos políticos regionais, no sentido de se abstrairem de guerrilhas pessoais e partidárias, enveredando por um caminho de entendimento que só pode levar aos interesses das populações e do desenvolvimento.

Só com um distrito unido, a partir da Valimar, se poderá agora pensar em projectos que estão partidos pela política mas que beneficiarão todo o distrito. Estão neste caso o IC1 até Valença, a via trnsversal até Paredes de Coura, o próprio Centro de Estágios de Melgaço, que só será viável se for assumido como uma mais valia de todo o distrito e não apenas do concelho em que está implantado.

sábado, dezembro 20, 2003

A BOLA ESTÁ DO LADO DO VALE DO MINHO (Conclusão)

Embora seja evidente que não assiste o direito aos municípios do Vale do Lima de condicionar ou limitar o espaço de manobra aos do Vale do Minho, sobretudo quando lhes retira o direito de acederem a fundos nacionais para os projectos da comunidade, só disponibilizados às comunidades urbanas e áreas metropolitanas, os próprios municípios socialistas do Vale do Minho não têm o direito de se auto-privarem dessa possibilidade, eventualmente inviabilizando projectos intermunicipais passíveis de serem financiados através do Orçamento de Estado, em claro prejuízo das suas próprias populações, dos seus próprios eleitores. Nesta perspectiva, não pode ser censurada a decisão e a opção da Câmara Municipal de Caminha quando entendeu romper a colaboração de largos anos com o Vale do Minho e aderir à Valimar. Foi a defesa dos interesses do concelho e das suas populações que, com toda a certeza, esteve na base da sua decisão.
O que se pode esperar agora é que o futuro seja mais feliz para o Alto Minho. Que ao movimento da Valimar adiram também os municípios socialistas do Vale do Minho, seguindo o exemplo da Câmara Municipal de Caminha. Em primeiro lugar porque a sua presença é importante para garantir peso político, institucional, populacional e espacial à comunidade urbana. Depois porque todos queremos um distrito de Viana do Castelo unido, com objectivos e interesses comuns, apoiado pelo grande reforço que significou a adesão de Esposende. A bola está claramente do lado do Vale do Minho.

terça-feira, dezembro 16, 2003

ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE PONTE DE LIMA

Na sexta-feira, dia 19 de Dezembro realiza-se a Assembleia Municipal de Ponte de Lima, onde serão discutidas as Opções do Plano e Orçamento para 2004, além da adesão de Ponte de Lima à Valimar. Prevê-se uma A.M. de espírito natalício, sem grandes polémicas, marcada pois pela cordialidade e confluência de posições. Está tudo calmo em Ponte de Lima. Infelizmente para o concelho, demasiado calmo...

quarta-feira, dezembro 10, 2003

A BOLA ESTÁ DO LADO DO VALE DO MINHO (1ª Parte)

O processo de definição das comunidades a implementar no Alto Minho foi longo, muito discutido, polémico e com um desenlace final que a poucos agradará. O resultado será o da constituição de “contra-comunidades, dado o seu carácter marcadamente oposicionista e não comunidades no verdadeiro sentido da palavra, com anseios e projectos comuns. Apesar de não constituírem um processo de regionalização, pois, entre outras razões, os seus poderes são limitados e os seus órgãos não são escolhidos por sufrágio universal, as comunidades urbanas deveriam configurar um espaço de coesão, com objectivos e interesses comuns, com identidade histórica, cultural, patrimonial e regional, com peso e poder reivindicativo. Do ponto de vista dos princípios, o Alto Minho era, sem qualquer dúvida, uma comunidade urbana natural, de contornos pacíficos e, acima de tudo, necessária. Infelizmente tal não foi, até ao momento, possível. E não foi possível porque, tanto da parte do Vale do Lima como do Vale do Minho o calculismo e o jogo táctico imperaram. Senão vejamos. Quando o Vale do Minho apela à constituição de uma comunidade urbana para o Alto Minho, o Vale do Lima avança com uma comunidade urbana a quatro; A Valima declara que as portas da sua comunidade estão abertas a todos aqueles que solicitarem a adesão e o Vale do Minho avança para uma comunidade intermunicipal; Esposende e Caminha declaram a sua vontade de adesão à futura Valimar e os municípios do Vale do Minho mantém a comunidade intermunicipal, além de constituírem uma comunidade de colaboração transfronteiriça. Este jogo de parada e resposta, leva-nos a tirar as seguintes ilações e conclusões:
Os municípios do Vale do Lima, com o seu peso populacional e a continuidade geográfica estavam em condições de constituir uma comunidade urbana (ao contrário do Vale do Minho) e avançaram decididamente para o processo de constituição da Comurb; os municípios socialistas do Vale do Minho nunca se mostraram interessados em aderirem ao movimento liderado pela Valima, facto que, com as devidas ressalvas, a partir de um determinado momento entra em contradição com as suas próprias intenções e propostas, comprometendo então definitivamente aquilo que inicialmente defenderam: a comunidade urbana do Alto Minho; o Vale do Lima é acusado de pretender controlar ou condicionar o controlo da comunidade urbana, mas parece evidente que esse é, e sempre foi, também o objectivo do Vale do Minho; a adesão de Esposende e Caminha ao movimento dos municípios do Vale do Lima, constituindo a Valimar, reforçou e consolidou esse movimento e enfraqueceu ainda mais o do Vale do Minho.
O Jornal de Notícias de hoje inclui uma peça sobre os pólos industriais do Alto Minho. A localização estratégica da região, aliada às atractivas condições fornecidas aos potenciais investidores, são aspectos que levaram a um aumento de empresas aí instaladas, com a consequente criação de postos de trabalho. Ponte de Lima, que acordou tarde para esta realidade, tem já em funcionamento um pólo industrial, na freguesia de Gemieira. Pelos dados revelados, a sua taxa de ocupação ainda está muito aquém do esperado e da própria capacidade do pólo industrial. Falta de estratégia? Falta de empenho? Falta de investidores? Respostas, precisam-se.

Abriu o "Shoping Estação" em Viana do Castelo. Mais um grande desafio para o comércio limiano. Já era vulgar ver os limianos a demandarem Braga ou o Porto para efectuarem as suas compras. Agora a oferta alargou a Viana. Que desafios levanta esta e outras grandes superfícies comerciais ao comércio limiano, grande suporte da economia local? que estratégias para o futuro? é necessário optar pela concorrência directa ou pela alternativa?
Estas são questões que merecem resposta, que merecem o empenho da Associação Empresarial. Não basta ter o pai Natal a percorrer as ruas da vila, é necessário estudar, prever o futuro, perspectivar a próxima década. É disso que o comércio está à espera, de uma luz que o ilumine e que, evidentemente, também está a faltar nesta época natalícia.
E, já agora, será que a via proteccionista protagonizada pela Câmara Municipal e Associação Empresarial, que tem impedido a instalação de uma grande superfície em Ponte de Lima, ainda mantém a sua posição?

sábado, dezembro 06, 2003

PROCURANDO DESEPERADAMENTE O FUTURO…

O Portugal da guerrilha política permanente, onde nada parece ser consensual, onde é possível que apenas o governo entenda como prioritário um determinado rumo, imediatamente contestado e minado por toda a oposição; onde os cidadãos assistem a horas e horas de retórica durante as quais são permanentemente citados mas nunca lembrados. O Portugal do quanto pior melhor não me agrada porque a educação é prioritária e decisiva mas não gera consensos; a saúde é prioritária e decisiva mas não gera consensos; a segurança social é prioritária e decisiva e mas não gera consensos; a cultura e a investigação científica são prioritárias e decisivas mas não geram consensos…
Este é um sentimento difícil de transmitir e muito mais difícil de entender. Até ao momento em que tive a felicidade de ler o Editorial do “Diário Económico” de 11 de Novembro de 2003, saído da pena de Miguel Coutinho, intitulado “Falta de Espelho – Duas notas sobre o país que somos”, que não resisto a transcrever na íntegra.

“A primeira: Portugal é o único país da União Europeia com uma percentagem de licenciados inferior à média dos países do alargamento.
A segunda: apenas 19% dos portugueses concluiu o ensino secundário, enquanto que essa taxa de escolaridade nos países candidatos à adesão à União Europeia atinge uma média de 77% da população.
Não valerá a pena repetir que, além de mais qualificada, a mão-de-obra destes países é mais barata, mais disponível e a legislação laboral em vigor é mais flexível, em comparação com a realidade portuguesa.
Só para dar um exemplo, o preço do trabalho ao sábado e ao domingo é, em média, três a quatro vezes superior em Portugal do que na maioria dos países do alargamento.
Com a chegada destas economias ao espaço da União Europeia, a ameaça torna-se clara: ou Portugal assume, num consenso alargado aos partidos, aos sindicatos, aos empresários e à restante sociedade civil, o desafio de mudança ou o investimento estrangeiro - o que ainda nos resta - desloca-se de armas e bagagens para estes países.
Esse desafio de andar depressa, sem preconceitos ideológicos nem egoísmos corporativos, parece, porém, condenado à partida.
O problema de Portugal é, desgraçadamente, o da falta de espelho.
Em que país se imaginam as associações de comerciantes que consideram insultuoso o anúncio do Ministério das Finanças que aconselha os consumidores a exigirem facturas? Em que ficção vivem os estudantes que invadem as ruas, manifestando-se alegremente contra o aumento das propinas? Em que realidade virtual flutuam os sindicatos quando acusam o Governo de querer «acabar com a função pública» por propor medidas de avaliação de desempenho? A falta de espelho legitima a sobrevivência de um país acomodado, anafado, que vive acima das suas possibilidades e desfoca, deliberadamente, a realidade.
O país que se levanta contra as propinas, contra as facturas, contra a avaliação de desempenho na função pública não só é avesso, como detesta a mudança. É o país do contra, pequenino, parado no tempo, indiferente aos sinais do mundo. Congrega, numa frente imobilista e cristalizada, a cobardia partidária, a aristocracia sindical e o egoísmo corporativo.
É um país inculto que atravessa os partidos, os sindicatos, os empresários e boa parte da sociedade civil - e que, do ponto de vista político, faz a síntese entre a pobreza envergonhada do salazarismo e as conquistas revolucionárias do PREC.
É um país sem razão de ser. E que precisa, com urgência, de um espelho. Na pior das hipóteses, morrerá de susto. Na melhor, acordará de um longo sono e de um sonho sem futuro”.

quarta-feira, dezembro 03, 2003

Finalmente, a água e o saneamento
Depois de muita discussão e reivindicação, muitos anos após o momento em que o dever, a responsabilidade política, a necessidade da população assim o determinavam, eis que a Câmara Municipal de Ponte de Lima decide avançar, em força, para as obras de abastecimento de ágfua e saneamento no concelho. Finalmente, tarde, muito tarde, a luz desceu sobre os Paços do concelho. E não foi a Empresa de Águas do Minho e Lima que avançou, como sempre defendeu o Presidente do Município. Foi a Câmara Municipal, como sempre reclamou a oposição. O autismo penalizou os limianos durante muitos anos e é apenas no limite, balizado em 2006 pelo final do Quadro Comunitário de Apoio, que as populações vão ter aquilo que necessitam e merecem há já largos anos.
Mais vale tarde do que nunca.
Não é dos nossos tempos existirem zonas habitacionais em plena zona urbana sem saneamento básico; não é dos nossos tempos existirem ainda muitos limianos sem abastecimento de água da rede pública, com todas as implicações que daí advêem; não é dos nossos tempos núcleos habitacionais de forte intensidade ainda serem servidos por fossas, muitas vezes perigosamente perto de poços ou furos; não é do nosso tempo uma política municipal que começa a construir o edifício pelo telhado, ignorando os alicerces, a base que incide sobre o conforto e a qualidade de vida das populações.

João Marcos homenageado
O poeta João Marcos foi homenageado pela Câmara Municipal na passagem do seu 90º aniversário. Um gesto bonito e louvável, o reconhecimento de uma vida dedicada às letras, numa terra que é berço de grandes poetas e Homens de letras. É tão bom reconhecer como estar do lado dessas Mulheres e Homens durante toda a sua vida e carreira.

quinta-feira, novembro 27, 2003

O "Nosso" Boletim Municipal, os "Bons" e os "Maus"

Saiu mais um número do Boletim Municipal "Ponte de Lima", com o habitual cuidado gráfico e conteúdo pautado pela leveza (da distribuição da informação). Esta leveza é fortemente sacudida logo no editorial, da responsabilidade do director da publicação, o Eng. Daniel Campelo, no qual se refere à aprovação do PDM e à orientação de voto e comportamento da oposição.
É evidente que o Sr. Presidente da Câmara não gosta de votos contrários ao seu. Compreende-se. E que adora a unanimidade. Quem não gosta? O que não pode fazer de forma alguma é zurzir e fazer juizos de valor sobre a opinião dos seus opositores políticos. O que seria das reuniões do executivo e da assembleia municipal se tal acontecesse sistematicamente?
Havia razões para votar contra o PDM. Não tenho qualquer dúvida. Como plano de desenvolvimento que é, estava coxo, faltava-lhe muito para atingir os objectivos mínimos. Esqueceu o ordenamento ao nível dos equipamentos desportivos, sociais, recretaivos e culturais. Não foi escrita uma só linha sobre o ordenamento da rede educativa. Faltou visão de futuro ao projectar os próximos dez anos, mesmo ao nível das vias de comunicação estruturantes para o concelho. Pena foi que a discussão do documento se circunscrevesse à área de construção. Foi redutora e incidiu no ponto em que este PDM mais evoluiu em relação ao anterior: a área de construção autorizada.
O que ficou por dizer ao Sr. Presidente da Câmara foi se aceitaria alguma alteração ao PDM na Assembleia Municipal, se permitiria alterar o documento que propôs para votação final, obrigando-o a fazer novo périplo pelas inúmeras entidades que o acompanham. Sinceramente penso que não o faria, como não o fez à maioria das reclamações redigidas durante o período de discussão pública.
É a habitual retórica do discurso populista e demagógico que já estamos habituados a ouvir dos Paços do Concelho de Ponte de Lima.
Ainda do editorial uma dúvida nos assalta. A dado ponto é referido o seguinte: "Que dizer do agente político que se diz defensor do Meio Ambiente e Ordenamento do Território e que quer ao mesmo tempo defender a construção de prédios na Reserva Ecológica e na Rede Natura?". A bem da elevação do discurso político, dos políticos e das instituições, seria bom que das insinuações o Sr. Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima passasse a referir os nomes dos visados para que, pelo menos, estes tenham direito à defesa e ao contraditório.
Por fim uma declaração.
Sr. Eng. Daniel Campelo:
Votei contra o PDM porque entendo não ser o ideal para Ponte de Lima. O ideal para um desenvolvimento harmonioso do concelho, capaz de potenciar Ponte de Lima para níveis de desenvolvimento consentâneos com as aspirações e capacidade dos limianos. A melhoria da qualidade de vida e das condições económicas dos limianos falhou e grande parte desse falhanço teve como protagonista V. Exa. Por isso deixei de acreditar na sua política e na sua estratégia de desenvolvimento para Ponte de Lima. Não era um PDM elaborado sob o comando de V. Exa. que tudo iria mudar. Por isso, não me revejo na perspectiva maniqueista de V. Exa. ao tentar colocar do lado dos "bons" aqueles que aprovaram o PDM, e do lado dos maus aqueles que votaram contra. Se o futuro for parecido com o passado, não seremos nem bons nem maus, mas simplesmente vítimas da sua política.

domingo, novembro 23, 2003

Descida ao Sarrabulho
Uma verdadeira invasão de bicicletas todo-o-terreno, foi ao que os limianos puderam assistir no sábado, dia 22 de Novembro. A III edição da "Descida ao Sarrabulho", organizada pelo Batotas - Clube de Desportos Radicais de Ponte de Lima foi a mais concorrida e espectacular de sempre, atraindo até ao concelho cerca de duzentos e cinquenta amantes do BTT, oriundos de todo o País.
Apesar da véspera ter dissuadido muitos particpantes devido ao mau tempo, o dia da descida esteve risonho e convidativo a uma alargada participação, propiciando também a possibilidade a muitos aficionados de visionarem as partes mais interessantes e espectaculares do percurso, que tinha o seu início na freguesia da Boalhosa e terminava junto à ponte românica no areal do Rio Lima, após cerca de 22 Km de alucinante descida.
A organização proporcionou aos inscritos transporte até ao local da partida, uma lembrança bem ao jeito da região e um excelente arroz de sarrabulho, servido num restaurante da vila de Ponte de Lima.
Os Batotas estão da parabéns pela excelente organização, capacidade de mobilização e pela promoção que fizeram de Ponte de Lima, das suas extraordinárias condições naturais para a prática do BTT e do seu grande embaizador, o arroz de sarrabulho.

sexta-feira, novembro 21, 2003

Aplauso no meio de assobios

Em Ponte de Lima existe uma forte tendência para o assobio. Assobia-se por tudo e por nada. Quando se faz alguma coisa, assobia-se, com veemência e peito cheio, porque não se devia fazer ou, pelo menos, se devia fazer doutra forma. Quando às vezes se faz mal, assobia-se para o ar, fazendo de conta que não se vê. Na autarquia está, e de uma forma geral sempre esteve, gente inteligente e sensível às reacções populares. Por isso, tudo o que for polémico, ou possa gerar polémica, tudo o que contrarie o "status", tudo o que possa causar incómodos no lento passar das horas limianas, pura e simplesmente não é feito.
Por isso, não era de esperar tamanha reacção à instalação no Largo de Camões de duas milenares oliveiras vindas da alentejana Serpa. Não era de esperar porque, caso contrário, ficariam à espera de um outro dono. Os assobios foram fortes, mesmo estridentes.
Pela parte que me toca, acho a ideia interessante - plantar árvores em canteiros que nunca o foram nem mereceram o respeito dos transeuntes, benéfica - o Largo de Camões necessitava de árvores e sombras, mas em locais que não pusessem em causa a estética do local, e com valor patrimonial - numa vila património, nada melhor do que árvores com história. Por isso, sem querer contrariar os assobios, aqui vai o meu aplauso.

quarta-feira, novembro 12, 2003

Impressões...

"Os Limianos" estão bem vivos. A festa do 50º aniversário reuniu largas dezenas de simpatizantes, dirigentes, antigos dirigentes, atletas e ex-atletas. Foi um momento marcante o reecontro daqueles que fizeram a história do maior clube desportivo do concelho de Ponte de Lima com aqueles que são o presente e o futuro do nosso clube. Foi emocionante ver jogadores e dirigentes que fizeram a história e o imaginário dos adeptos limianos, afinal apesar da distância que os separou e da indiferença que de muitos de apoderou, eles formam uma grande família. No ar ficou a esperança de melhores dias, bem patente no entusiasmo como dirigentes e atletas (todos a custo zero) encaram o presente e o futuro. Todos eles são actores de primeira linha no esforço de recuperação económica da A. D. "Os Limianos", tanto pelo empenho que colocam no seu trabalho, como na forma graciosa e desinteressada como participam neste momento da vida do clube, que tem tanto de histórico como de conturbado.
O presente está garantido. Agora é necessário trabalhar para o futuro. Um futuro que deve passar pelos mais jovens, mais capazes e mais empenhados em preservar um dos maiores tesouros do concelho, que mais serviços prestou à comunidade e à imagem de Ponte de Lima; um futuro que deve passar pelo saneamento financeiro; um futuro que deve passar pela formação e pelos atletas de Ponte de Lima; um futuro que deve enveredar pela via da consolidação em detrimento dos resultados; um futuro que deve apostar no melhoramento e largamento das infraestruturas, designadamente um campo de treinos de apoio ao plantel sénior e futebol juvenil.
As cores de "Os Limianos" são hoje cores de esperança e as três centenas que estiveram no jantar de aniversários devem ter um efeito reprodutor, com expressão pública em cada um dos jogos que se realizarem no Campo do Cruzeiro.

Finalmente vai ser concretizada a ligação Ponte de Lima - Vila Verde - Terras de Bouro. É uma grande notícia que apenas peca por chegar com algumas décadas de atraso. A visão das três autarquias envolvidadas é um factor positivo a registar, ficando provado que a parceria, a colaboração, a união entre autarquias é uma via com futuro, estruturante, e a única capaz de dar resposta às necessidades das populações. Esta é a essência da política, tantas vezes secundariza e mesmo esquecida. As pessoas...

quarta-feira, novembro 05, 2003

Transformar os Problemas em Desafios

A divulgação do PIDDAC regionalizado para o distrito de Viana do Castelo provocou uma onda de protestos devido às dotações definidas, com uma descida notória quando comparados com o ano anterior, os investimentos previstos para 2004. Também não gostei dos montantes definidos para o nosso distrito. Gostaria que fossem muito mais generosos e equilibradamente distribuídos pelos dez concelhos, mas também tenho a consciência de que, fossem quais fossem os montantes, teríamos sempre os partidos da oposição insatisfeitos e a reclamarem mais, e o partido que suporta o Governo a justificar os montantes inscritos como bons.
O que parece é que este “folclore Piddaquiano” cujo festival ocorre invariavelmente após o 15 de Outubro, tem um cheiro intenso a mofo e, na actual configuração, será com toda a certeza retomado no próximo ano, com os mesmos ou com outros protagonistas. Com a quantidade de instrumentos financeiros e programas disponíveis, directamente para as autarquias ou através da administração central, o PIDDAC não passa de algumas gotas no oceano, tornando-se completamente descabido e demagógico centrar qualquer discussão política, sobre os investimentos numa determinada região, nos montantes inscritos em PIDDAC. Se aos milhões do PIDDAC se juntarem, entre outros, os milhões do PRASD (nunca mais ninguém falou dele), os milhões da A27 ou IP9 que ligará Viana do Castelo a Ponte de Lima, os milhões do IC1 entre Viana do Castelo e Caminha, já teremos muitos mais milhões do que aqueles que, no passado, foram investidos anualmente em Viana do Castelo. É uma questão de justiça e de verdade. O que está mal, e não serve ninguém é o PIDDAC tal como nos é apresentado, por ser redutor e não fornecer uma ideia correcta e concreta dos investimentos efectivamente previstos.
O que é necessário para o futuro, e isto exige a participação e empenhamento de todos, é transformar os problemas do distrito em desafios, olhar para o futuro com visão estratégica e exigir, a uma só voz, cada vez mais investimento – mas investimento de qualidade e estruturante – mais necessário nas regiões periféricas e desfavorecidas. Estou convencido que, em 2004, o Alto Minho não ficará a perder mas é este o momento certo para exigir mais e melhor, ultrapassando a figura patética dos que choram sobre factos consumados e pouco ou nada fazem para abrir novos horizontes e romper com os bloqueios do passado. Mais do que conversa, charlatanismo ou requerimentos inócuos, o que Viana do Castelo necessita é de peso político junto de Lisboa. Falar a uma só voz é determinante, acabando com as “quintas” , os interesses particulares e as rivalidades pessoais que têm condicionado os interesses colectivos.
Se o Alto Minho fosse uno, nunca existiriam “Orçamentos do Queijo” de eficácia duvidosa; guerras pelo traçado de vias de comunicação estruturantes, pois seria fácil encontrar consensos e equilíbrios entre o interesse das populações locais e o interesse geral; divisões na constituição de associações de municípios porque a lógica regional que a todos nos une prevaleceria; reservas relativamente a projectos de grande alcance como o Pacto para o Desenvolvimento do Minho, porque a melhoria da qualidade de vida é um objectivo por todos ambicionado. Estas são questões vitais para todos aqueles que desejamos um futuro melhor para os nossos filhos. O umbiguismo e partidarite aguda reinantes são os maiores factores de depressão do Alto Minho.

quinta-feira, outubro 30, 2003

Vamos a factos...

1. A Região do Minho-Lima tem 250 000 habitantes. O Vale do Lima tem um total de 170 641 (Arcos de Valdevez - 24 761; Ponte da Barca - 12 909; Ponte de Lima - 44 343; Viana do Castelo - 88 628). Por seu lado o Vale do Minho tem um total de 79 632 habitantes (Caminha - 17 069; Melgaço - 9 996; Monção - 19 957; Paredes de Coura - 9 571; Valença - 14 187; Vila Nova de Cerveira - 8 852).

2. O Vale do Minho, por si só, não pode constituir uma Comunidade Urbana; O Vale do Lima sim, pois cumpre os requisitos da Lei - continuidade geográfica e um mínimo de 150 000 habitantes.

3. De todos os municípios do Vale do Lima, apenas Ponte de Lima não levou à Assembleia Municipal a ratificação da adesão do município à Comunidade Urbana do Vale do Lima, o que só poderá acontecer na reunião de Dezembro.

4. Vários acontecimentos, mais do campo do "fait-divers", marcaram os últimos tempos, conduzindo a um distanciamento entre o Presidente da Cãmara Municipal de Ponte de Lima e o Presidente do C.A. da Valima. As declarações de Daniel Campelo sobre a fábrica de cromagem que está a ser instalada em Tabaçô, afirmando que recusou essa unidade em Ponte de Lima (recusou a fábrica mas os pretensos efeitos nocivos da mesma mantêm-se pois fica situada a montante da sede do concelho); o "número" dos Vereadores da C. M. de Ponte de Lima, "indignados" com a forma como foi organizada a inauguração do IC28, protesto que farão chegar até à Valima através de, calcule-se, Daniel Campelo.

5. Preocupação permanente de Daniel Campelo em demarcar-se da política do actual Governo (nunca é demais lembrar que o seu partido faz parte da coligação, e que o próprio autarca de Ponte de Lima é presidente da Assembleia Distrital do PP), antes se posicionando junto das tradicionais vozes da oposição (as do PS são as mais audíveis): caso do PRASD em que Daniel Campelo foi o promotor e anfitrião da reunião de todos os autarcas do distrito; caso do PIDDAC de Viana do Castelo, com declarações sucessivas que culminaram na entrevista de hoje ao JN.

Tudo isto leva-nos a colocar as seguintes questões:

a) Estará nas cogitações de Daniel Campelo a não adesão à Comunidade Urbana do Vale do Lima, aderindo à Comunidade Intermunicipal do Vale do Minho, deitando por terra qualquer hipótese de associação no Lima pois provoca a descontinuidade geográfica dos restantes concelhos?

b) Estarão as ambições políticas de Daniel Campelo direccionadas para outro espaço político/partidário, que não o da coligação PSD-CDS/PP?

c) Estaremos à beira de um terramoto político em Ponte de Lima, onde a coberto do mais demagógico populismo - a defesa das populações, estará em curso a mais espectacular cambalhota de sempre da política limiana, perante a serenidade e impavidez dos responsáveis locais e distritais do PP?

Depois de termos parado para pensar, resta-nos esperar para ver!

segunda-feira, outubro 27, 2003

IC 28 litoraliza o interior e interioriza o litoral

A inauguração do IC28, entre Ponte de Lima e Ponte da Barca/Arcos de Valdevez é uma das mais estruturantes vias de comunicação construídas no distrito de Viana do Castelo, a par da A3 (Porto-Valença), do IC1 (Viana - Porto) e da estrada Nacional que liga Valença a Melgaço.
As infra-estruturas transversais aproximam o litoral do interior e o interior do litoral, possibilitando um relacionamento mais próximo entre estas duas realidades e abrindo novas perspectivas de desenvolvimento.
Para completar o ramalhete de vias estruturantes para o distrito já falta pouco. O IP9 entre Viana do castelo e Ponte de Lima está em curso. O IC1 entre Viana do Castelo e Lanhelas (que se espera venha a ser num futuro próximo até Valença), está prestes e ser iniciado, ultrapassados os problemas de definição do traçado.
Faltará pois muito pouco para que o Alto-Minho tenha uma rede viária de excelência. A par do já citado troço Lanhelas-Valença do IC1, espera-se a transversal Caminha/Cerveira - Paredes de Coura - Arcos de Valdevez, decisiva para o desenvolvimento de Paredes de Coura. É nestes dois eixos que devemos agora centrar toda a nossa atenção e energias. A partir desse momento, o desenvolvimento e a dinâmica do distrito ficarão só e apenas nas mãos dos responsáveis políticos.

Deprimidos de facto!

De deprimidos não reconhecidos a deprimidos de facto vai um longo caminho. Apesar dos alto-minhotos se sentirem deprimidos, o economista Daniel Bessa preferiu chamá-los de "pouco confiantes". Exaltados com o diagnóstico os autarcas do Alto Minho reclamaram o reconhecimento da sua depressão.
O Primeiro-Ministro acedeu e lá passou o atestado médico. Estamos deprimidos!, exultaram de alegria dos autarcas.
Brincadeiras à parte, é justa a integração do distrito de Viana do Castelo em todas as medidas do PRASD.

PIDDAC 2004 sabe a pouco!

O PIDDAC para 2004 do distrito de Viana do Castelo foi uma desilusão. Era legítimo que esperassemos mais e melhor e era justo que mais fundos fossem afectos ao distrito, embora o PIDDAC não comtemple os 300 milhões de euros que estão a ser ou vão ser investidos no IP9 e IC1. Resta-nos eswperar uma elevada execução do PIDDAC 2004 e o justo reconhecimento das necessidades do distrito em 2005.
Parecem longínquos os tempos em que o queijo e o Centro de Estágios enchiam o PIDDAC...

domingo, outubro 19, 2003

O OASIS DA ASSOCIAÇÃO EMPRESARIAL DE PONTE DE LIMA

Estranha a entrevista do Presidente da Associal Empresarial de Ponte de Lima ao "Alto Minho" da passada quinta-feira. Pareceia ter estado na prateleila durante, pelo menos, duas décadas. O discurso nada tinha a ver com a realidade, mais parecendo uma "remaque" da "teoria do oásis". Todos os números disponíveis contrariam a visão édilica do Eng. João Pimenta, que esbarra de frente com a dura realidade, a dos associados da AEPL que sofrem na pele os momentos difíceis por que passa a Europa, o País e, desgraça das desgraças, Ponte de Lima que anda para trás desde 1997. Um tiro no pé!

Estudo da universidade católica

Um estudo da Universidade Católica, realizado para o BCP e divulgado em Julho passado, contém dados interessantes para o nosso distrito. Relativamente ao poder de compra, é possível aferir os seguintes dados:

1. Entre 1997 e 2002 foram os seguintes os concelhos cujos habitantes melhoraram o seu poder de compra:
Arcos de Valdevez
Ponte da Barca
Melgaço
Vila Nova de Cerveira
Valença
Caminha

Viana do Castelo manteve o poder de compra neste período

Baixaram os concelhos de:
Paredes de Coura
Ponte de Lima
Monção

Em 1997 Ponte de Lima só estava à frente dos Arcos de Valdevez e Paredes de Coura; Em 2002 apenas suplanta Paredes de Coura neste ranking.

Alguns documentos ou links de suporte:
PRASD
INE
Gabinete de Estudos e Planeamento do Ministério da Economia

terça-feira, outubro 14, 2003

OS NÚMEROS QUE NOS PREOCUPAM

Eis alguns indicadores sobre o concelho de Ponte de Lima, em paralelo com os dos outros concelhos do distrito de Viana do Castelo:

Índice do Poder de Compra (2000) Fonte -INE
Portugal = 100
Continente = 101
Distrito de Viana do Castelo = 64,7

Viana do Castelo = 84,1
Caminha = 77,1
Valença = 69,3
Vila Nova de Cerveira = 60,0
Melgaço = 54,1
Monção = 54,0
Ponte da Barca = 51,7
Arcos de Valdevez = 46,3
Ponte de Lima = 46,2
Paredes de Coura = 45,4

domingo, outubro 12, 2003

O PRASD, os bons indícios e a gaffe!

Após a reacção dos autarcas do Alto Minho e de outras entidades dos distritos de Viana do Castelo e Braga, surgiram sinais animadores relativamente à integração de Viana no mapa das regiões deprimidas, que beneficiarão fundos específicos para sua reabilitação.
Os deputados do Partido Socialista pelo distrito de Viana do Castelo instaram o Primeiro-ministro, através de requerimento entregue na Assembleia da República, a explicar os critérios que estiveram na base da exclusão da sua região do PRASD (Plano de Recuperação de Áreas e Sectores Deprimidos). Parece que, neste caso, seria mais útil colocar a questão ao autor do estudo que sustentou o PRASD, Daniel Bessa, ex-ministro socialista e Presidente da Assembleia Municipal de Vila Nova de Cerveira, que teria a vantagem de esgrimir os argumentos técnicos da sua opção. Por esta via, parece que os deputados socialistas de Viana do Castelo terão que, num futuro próximo, enviar uma carta a Durão Barroso a agradecer a sua intervenção para incluir o seu distrito nos beneficiários dos dinheiros do Programa.

sábado, outubro 11, 2003

Tempo cinzento, convite à melancolia...

O dia acordou cinzento. A tarde começou chuvosa. É o Outono no seu explendor. Depois de belos dias de sol, a chuva e a melancolia, uma melancolia que faz parar Ponte de Lima, que paralisa mesmo aqueles que devem estar mais despertos para a realidade.
As piscinas municipais entraram em obras precisamente no início do ano-lectivo e no arranque das diferentes classes de natação que lá laboram. Estranha coincidência, deficente planificação ou avaliação das consequências de tão simples medida. As piscinas estiveram encerradas em Setembro e laboraram muito abaixo do "meio-gás" em Agosto. Tanto tempo para se efectuarem as obras que estão a ser realizadas em período em que as piscinas deveriam estar já em pleno funcionamento.
Decisões tomadas em tempo de melancolia em terra de brandos costumes, onde tudo é possível...

Onde está a ludoteca?

Na Avenida António Feijó situa-se um edifício emblemático para Ponte de Lima. A antiga Escola Primária, onde iniciei os meus estudos foi recuperada com o objectivo de albergar uma ludoteca. A recuperação foi apoiada por um programa do Ministério da Educação, que visava a recuperação de edifícios escolares antigos, com característica peculiares, permitindo a recuperação de um património que permita fazer a história do ensino em Portugal. O que é certo é que, depois da obras terminadas, nada faz prever ou indiciar que o local venha mesmo a funcionar como ludoteca. Terá sido abandonado o projecto? Estará a ser reavaliado? Novas funções estão para aquele edifício previstas? Nada sabemos. O que sabemos é que nas instalações funciona já uma instituição que nada tem a ver com actividades lúdicas, nem com crianças...

quinta-feira, outubro 09, 2003

AFINAL O PACTO FAZ SENTIDO!

Aqueles que pensavam que o Pacto para o Desenvolvimento do Alto Minho não fazia sentido, tiveram recentemente a prova mais evidente da sua necessidade e pertinência. O incompreensível afastamento do Alto Minho do conjunto de regiões portugueses que vão beneficiar do PRASD - Programa de Recuperação de Áreas e Sectores Deprimidos, da responsabilidade de Daniel Bessa, levou à constituição de um movimento que integrou a totalidade dos autarcas do Alto Minho no sentido de alertar para os problemas, especificidades e necessidades da sua região, que justifica largamente a integração no conjunto de regiões benificadas por aquele programa. A este movimento aderiu também o Presidente da Associação Industrial do Minho, António Marques, que chegou mesmo a reunir com o autor do estudo para lhe fazer sentir a necessidade de contemplar o distrito de Viana do Castelo no programa.
O Pacto visa, de facto, aquilo que espontaneamente aconteceu. Unir o Minho em torno de um projecto de desenvolvimento integrado, capaz de esbater as assimetrias, constituindo um forte grupo de pressão junto do poder central para promover o investimento no Minho orientado para as tecnologias de informação e comunicação. É necessário que os autarcas mais renitentes na adesão a esta ideia se apercebam das suas virtualidades e da vantagem de falar a uma só voz quando situações como a citada se verificarem. Com o pacto, nada terão a perder e tudo a ganhar.

O Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima foi o primeiro a reagir à exclusão do Alto Minho do estudo de Daniel Bessa. E não era para menos. De facto, o indicador que serviram de base ao PRASD foi o poder de compra municipal e, neste particular, o concelho de Ponte de Lima ocupa o penúltimo lugar do distrito de Viana do Castelo, ou seja, o segundo concelho do distrito em área e população, geográficamente situado na confluência de um importante eixo rodoviário é o que tem um dos níveis de poder de compra mais baixos entre todos os seus pares do Alto Minho. Razão tinha Daniel Campelo, mas razão de descontentamento e desilusão devem ter os limianos que, nos últimos tempos, têm vindo sucessivamente a perder poder de compra e, consequentemente, qualidade de vida. É o desmoronar de uma estratégia de desenvolvimento, de uma visão para Ponte de Lima que não resultou, apesar das extraordinárias condições que foram colocadas à disposição dos responsáveis, nomeadamente dos fundos comunitários. Foi um logro que dificilmente poderá ser recuperado.

quarta-feira, outubro 08, 2003

Ranking das escolas

Num País onde o sector da educação é permanentemente posto em causa, é bom verificar que o concelho de Ponte de Lima tem resultados positivos, em alguns casos acima da média, na análise das médias obtidas pelos seus alunos nos exames nacionais.
Embora conhecendo a subjectividade que encerram estes números, motivada pelos difentes contextos sociais e pedagógicos em que trabalham as escolas, e o facto de se estarem a comparar escolas com centenas de alunos examinados, com escolas com poucas dezenas ou menos, aqui vai o panorama do concelho de Ponte de Lima, segundo o jornal Público.
Resultados globais:
143º - Escola Secundária de Ponte de Lima (entre 615 escolas)
Ao nível do distrito, à frente da Escola Secundária de Ponte de Lima ficaram as seguintes escolas: Escola Secundária de Santa Maria Maior (70º) e Escola EB 23/S de Monte da Ola (77º).

Por disciplina
Matemática - 84º
Português A - 208º
Português B - 148
Biologia - 303º
Física - 34º
Química - 95º
História - 439º
Psicologia - 193º

O melhor resultado do distrito de Viana foi conseguido pela Escola EB 23 de Monte da Ola, com o 7º lugar da disciplina de Psicologia.

domingo, outubro 05, 2003

O DESMORONAR DE UM MODELO DE DESENVOLVIMENTO?

Daniel Campelo pretende reunir em Ponte de Lima todos os autarcas do Alto Minho, com vista à tomada de uma posição conjunta relativamente ao estudo de Daniel Bessa para o Ministério da Economia - PRASD - Programa de Recuperação de Áreas e Sectores Deprimidos que, inexplicavelmente, deixou de fora o Alto Minho. Pelos vistos, a união e tomadas de posição a uma só voz dos autarcas do Alto Minho é importante para Campelo, embora só quando troveje o autarca limiano se lembre de Santa Bárbara. O mesmo não pensou quando da decisão de avançar para as Comunidades Urbanas, em que a Valima prefere falar sozinha. Pelo menos, é de esperar que pense como agora para que o Pacto para o Desenvolvimento do Minho, proposto pela Universidade do Minho, seja uma realidade.

As preocupações de Daniel Campelo são legítimas, facilmente comprovaveis e devem fazer ponderar os limianos. Nos últimos anos, o concelho de Ponte de Lima tem vindo progressivamente a perder poder de compra (ao contrário da maioria dos outros concelhos do distrito), situando-se neste momento (de acordo com o PRASD), na cauda do distrito. O concelho de Ponte de Lima é o pior do distrito de Viana do Castelo no que diz respeito ao poder de compra os seus habitantes. É desmoronar de uma política passadista, baseada em estratégias desadequadas que conduziu o concelho ao estado actual. A via da preservação do património, preservação e expansão de espaços verdes, aposta em equipamentos públicos centrados na sede do concelho, esqueceu a outra face da moeda: o desenvolvimento económico, melhoria das condições de vida das populações e poder de compra. No entanto, Ponte de Lima continua a ser o segundo concelho do distrito, sede de um importante eixo rodoviário e lindamente situada em termos geográficos.
O que tem faltado, então?

Olhando para o índice do poder de compra do Alto Minho, ponto de partida para o estudo de Daniel Bessa, é indiscutível que o Alto Minho devia fazer parte das áreas de intervenção. Com apenas dois concelhos acima do limiar dos 75% da média nacional do poder de compra (Viana do Castelo e Caminha), é imprescíndivel que os estudiosos e os responsáveis políticos entendam que, embora no litoral, o Alto Minho padece dos mesmos problemas dos que sofrem os malefícios da interioridade. Só assim, poderá este distrito aspirar a mais e melhor no futuro. Não se compreende pois que Daniel Bessa, Homem que tão bem conhece o distrito de Viana do Castelo, sendo inclusivamente Presidente da Mesa da Assembleia Municipal de Vila Nova de Cerveira, o tenha deixado de fora. Ou acredita que o Alto Minho está de vento em popa, não necessitando de apoio ou investimento, ou já o dá como um caso perdido, onde já não compensa investir.

sábado, outubro 04, 2003

Várias notícias e declarações estão a marcar o fim-de-semana mediático no distrito de Viana do Castelo:

Fora de horas, a total despropósito e com o leve travo do aproveitamento político, os deputados socialistas pelo distrito de Viana do Castelo pediram esclarecimentos sobre o estado das pontes do distrito. Ainda não entenderam que a política, a verdadeira política, é a resolução dos problemas das pessoas e não a confotável viajem que muitos gostam de fazer a reboque dos media. Quando o requerimento foi feito, já tudo tinha sido esclarecido. E bem! Não há problemas graves com as pontes, as que necessitam de intervenção estão a ser intervencionadas ou sê-lo-ão brevemente. Parece que o requerimento dos deputados socialistas chegará ao seu destinatário tarde demais e as suas energias já deveriam estar voltadas para verdadeiros problemas do distrito, como é o caso do prolongamento do IC1, encravado por "guerrinhas", onde os deputados socialistas são intervenientes activos, mas que continuam a mergulhar o trânsito na capital de distrito num caos e a Nacional 13 numa das mais perigosas estradas de Portugal. Responsabilidade precisa-se!

Os Estaleiros Navais de Viana do Castelo preparam uma reestruturação e redireccionamento do seu alvo produtivo. As suas finanças estão no vermelho. Parece que a Administração, finalmente, está a tentar encontrar um rumo, uma solução para uma unidade fundamental para o distrito e mesmo para o País. Mas, a realidade é um pouco diferente. Os Estaleiros Navais cairam no vermelho e são aqueles que para lá o deixaram cair que agora se propõem tirá-los...

O Presidente da Adega Cooperativa de Ponte de Lima queixou-se do facto da Região de Turismo do Alto Minho se ter esquecido do Vinho Verde. Talvez seja verdade. Mas a Adega limiana está a atravessar dificuldades porque teve e tem problemas de gestão, não podendo essas culpas ser apagadas por omissões de terceiros.

terça-feira, setembro 30, 2003

ONDE ESTÁ A COERÊNCIA? E A SOLIDARIEDADE?
Muito se tem falado da instalação na zona industrial de Tabaçô, em Arcos de Valdevez, de uma unidade industrial que se dedicará à cromagem de componentes automóvel, tendo gerado forte controvérsia devido a eventuais problemas ambientais e de saúde pública que essa unidade poderá provocar, tendo por esses motivos sido recusada a sua instalação noutros países. Recentemente, soubemos também que a instalação dessa mesma unidade foi recusada pelo Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima daniel Campelo.
Os receios das associações ambientalistas e das populações são legítimos, como são também legítimos os argumentos da Câmara Municipal dos Arcos de Valdevez, baseados em pareceres e estudos técnicos. O que parece menos legítimo, para não falar de oportunismos político-partidários, é o facto da polémica ter estalado com a fábrica em adiantado estado de construção e instalação. Parece que, assim, os dividendos políticos serão maiores e os custos políticos para o outro lado da barricada serão também mais acentuados.
Mas um outro aspecto deve ser ponderado, pela sua importância e irresponsabilidade das medidas tomadas. O Presidente da Câmara de Ponte de Lima recusou a instalação da industria no seu concelho porque entendeu que esta não preenchia os requisitos essenciais de segurança para o meios ambiente e para as populações. Só assim se compreenderá esta atitude. No entanto, não salvaguardou os possíveis efeitos nocívos da instalação dessa unidade já que, ao ficar instalada num concelho contíguo, os efeitos mantém-se e perdem-se as vantagens ao nível económico da sua instalação. Era para isso que esperavamos que servisse a Valima e o bom entendimento entre os autarcas do Vale do Lima. Era nestas situações que gostaríamos de ver na prática a solidariedade entre os autarcas que com tanto empenho pugnaram pela Comunidade Urbana do Vale do Lima. Tal não aconteceu e, com as declarações de Daniel Campelo ficou em maus lençóis o seu amigo Presidente da Câmara dos Arcos de Valdevez e também os limianos, que a jusante de Tabaçô ficam com os eventuais efeitos da fábrica e sem os postos de trabalho que esta irá gerar. Pobre destino...

domingo, setembro 28, 2003

116 ANOS DE BEM SERVIR
Os Bombeiros Voluntários de Ponte de Lima celebraram hoje mais um aniversário, o 116º. Como é habitual, este foi um dia de festa em Ponte de Lima, com diversas actividades a marcarem a jornada. Logo pela manhã, teve lugar o hastear da bandeira, com a presença da Direcção, corpo activo, fanfarra, diversas individualidades locais e muito público que, normalmente se associa às acções promovidas pelos B. V. de Ponte de Lima. Seguiu-se a missa solene do aniversário, celebrada pelo Padre Dr. José Gomes de Sousa, capelão da corporação. No final da celebração foram benzidas três novas ambulâncias, que vão dar uma grande ajuda no esforço de reequipamento do parque automóvel, um dos grandes problemas com que se debatem os bombeiros limianos actualmente. Estas ambulâncias foram adquiridas no âmbito da mais recente campanha lançada pelos B. V. de Ponte de Lima - A CAMPANHA AMIGO, através da qual pessoas colectivas ou individuais podem ajudar a comprar novas viaturas, integrados num sistema de contribuições leves e espaçadas no tempo. Uma das viaturas foi oferecida pelo Rotary Clube de Ponte de Lima, ennquanto as outras duias foram, respectivamente, ofertadas por um grupo de amigos a título individual e a outra por um grupo de empresários locais.
Os limianos puderam depois assistir a um simulacro de incêndio, no edifício da Valima, onde foi demonstrada a eficácia dos meios humanos e materiais da corporação. A sessão solena decorreu no salão nobre do quartel dos B. V. de Ponte de Lima, durante a qual foram entregues medalhas de assiduidade e de honra a diversos membros do corpo activo, quadro de honra e órgãos sociais, o reconhecimento público do trabalho e dedicação dos soldados da Paz limianos. Usaram depois da palavra o Presidente da Direcção António Amorim, que louvou o empenho e dedicação dos bombeiros e apelou à contribuição do concelho nos grandes projectos da corporação; O Presidente da Câmara Municipal, Eng. Daniel Campelo que saudou todos os bombeiros e realçou a sua importância na promoção da segurança e bem-estar das populações, merecendo por isso o respeito e admiração geral; e por fim o Exmo. Governador Civil do distrito de Viana do Castelo, que manifestou todo o seu carinho à corporação e admiração pelo seu trabalho.
O desfile das viaturasa e elementos do corpo activo e quadro de honra romperam pela tranquilidade da tarde de domingo em Ponte de Lima. O dia de aniversário terminou com uma romagem aos cemitérios locais, uma singela homenagem a todos aqueles que serviram Ponte de Lima através dos Bombeiros Voluntários.

Os Bombeiros são uma instituição respeitada em Ponte de Lima, prestam um largadíssimo serviço às populações, um serviço que se quer de qualidade e eficaz. Nos últimos anos, a actividade dos B. V. de Ponte de Lima mudou radicalmente, com um aumento exponencial do serviço efectuado, tanto ao nível da emergência pré-hospitalar, transporte e transferência de doentes e ataque a incêndios, onde assume especial relevo, o ataque a fogos florestais. Esta mudança, muito rápida, não foi acompanhada da necessária reestruturação dos serviços, equipamento e reequipamento, sobretudo ao nível do parque automóvel. O resultado é um parque envelhecido e, em muitos casos antiquado, facto que pode colocar em causa a qualidade e eficácia dos serviços prestados. Não resta, por isso, outra solução. A responsabilidade da Direcção, rápidamente assumida reside na reformulação do parque automóvel e dos serviços dos bombeiros. Este é um grande desafio que a Direcção enfrentará com firmeza e empenho. Daí o recurso à sociedade limiana, donde emanam direcção e corpo activo e para quem trabalham dia após dia.
NADA A PERDER COM O PACTO

O Pacto Para o Desenvolvimento do Minho é um movimento irreversível, lançado pela Universidade do Minho, dinamizado pelo seu Reitor, mas ao qual já aderiram a AIM - Associação Industrial do Minho, União dos Sindicatos de Braga e Viana, Instituto Politécnico de Viana do Castelo, as autarquias do distrito de Braga e pelo menos a de Monção, no distrito de Viana. Apesar de um arranque pouco conseguido, em que o núcleo duro do Pacto estava totalmente centrado no distrito de Braga, os passos que se seguiram permitiram verificar que este é um projecto para todos e que a todos beneficiará, estando reunidas as condições necessárias para o seu sucesso. Para o Minho, esta é uma oportunidade sem precedentes, para ter um espaço geográfico, de características homogéneas, forte e de dimensão razoável, unido em torno de um só objectivo: a correcção de assimetrias, o desenvolvimento e a melhoria da qualidade de vida das suas populações, com base num projecto centrado nas tecnologias e na inovação. Os parceiros deste movimento são a garantia do sucesso do Pacto, quanto a nós histórico, porque os conseguiu unir em torno de um objectivo comum, colocando lado a lado os maiores potenciais do Minho, depois de largos anos de diferenças e a trilharem caminhos desencontrados, sempre com prejuízo para o Alto Minho, que manteve sistematicamente índices de desenvolvimento inferiores aos do distrito de Braga.
Quem não entender a obvia perspectiva estruturante do Pacto e o que ele pode significar para o futuro, estará a enjeitar uma oportunidade histórica de encontrar o rumo do progresso e, sobretudo, ter uma visão estratégica, muito para além do curto e médio prazos, horizontes em que se tem trabalhado até hoje. E, mesmo que desconfianças existam, depois de olhar para o passado e para o seu estado actual, o que tem o Alto Minho a perder com a adesão ao Pacto? Talvez só mesmo um pouco de protagonismo e presença na liderança. O primeiro repartido com muitos mais parceiros; a segunda partilhada com outros ou transferida para as estruturas de investigação.
Por isso, não se compreende a postura da Valima, ou dos líderes dos municípios que a integram, renitentes na abertura de portas e na cooperação com outros parceiros e em novos projectos. O futuro constrói-se com base nas parcerias e, como nos tempos mais distantes, com a colaboração e ajuda dos vizinhos. Sozinhos estaremos sempre mais distantes dos nossos eternos referenciais.
Não posso pois concordar com uma comunidade urbana do Vale do Lima, sem corpo, peso e poder reivindicativo. No entanto aceito-a, embora com reservas, com base em dois pressupostos: em primeiro lugar da convicção que este nunca será um processo de regionalização, antes configurando uma associação de municípios com mais recursos financeiros e competências; em segundo lugar, que as portas para entrada de outros parceiros estarão sempre abertas. Já no que diz respeito ao Pacto, embora seja um movimento irreversível, que avançará com aqueles que a ele tiverem aderido, seria um escândalo, uma verdadeira traição para as populações, que venham a existir municípios do Minho que fiquem de fora.

Entretanto, os municípios do Vale do Minho decidiram avançar para a constituição de uma comunidade intermunicipal, renunciando à adesão, pelo menos por agora, à comunidade urbana do Vale do Lima. Apesar da vontade de integrar uma comunidade urbana de todo o Alto Minho, parece que a manutenção do poder, mesmo numa comunidade intermunicipal, falou mais alto, demonstração de que esse era o verdadeiro, senão único, motivo que fez movimentar tanto o Vale do Minho como o Vale do Lima.

quarta-feira, setembro 24, 2003

BOMBEIROS EM FESTA
A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Ponte de Lima comemora no próximo dia 28 de Setembro o seu 116º aniversário, mais de um século de dedicação ao próximo e ao concelho de Ponte de Lima, com relevantes serviços prestados. Como é habitual, a corporação convida a população em geral a associar-se às cerimónias constantes do seu programa de comemorações, que decorrerão na sede do concelho. Assim, pelas 9h30 será hasteada a bandeira no quartel da associação, seguindo-se, pelas 10h00 uma missa solena a celebrar na Igreja Matriz. No final da celebração serão benzidas três novas ambulâncias no Largo da Matriz, ao que se seguirá, a partir das 11h00, um simulacro de sinistro que decorrerá junto ao Largo de Camões. às 12h30 terá início o tradicional desfile de viaturas. De tarde, pelas 16h00, terá lugar a romagem aos cemitérios, numa homenagem justa e sentida a todos aqueles que serviram Ponte de Lima e as suas gentes através do seu trabalho nos Bombeiros.
Os Bombeiros Voluntários de Ponte de Lima debatem-se, hoje em dia, com grandes dificuldades no campo financeiro e material. O enorme volume de serviço para que são solicitados, a dimensão do concelho e um parque automóvel com grande desgaste e anos de serviço são problemas com os quais se debatem todos os dias aqueles que trabalham na AHBVPL. Apesar dos problemas nunca foram enjeitados os desafios e a procura da melhoria das condições do serviço prestado na instituição, onde se pode destacar a manutenção de um serviço de enfermagem 24 horas por dia, que vem melhorar a qualidade da assistência a sinistrados e prestar um serviço à população, a criação da secção de Freixo, descentralizando e aumentando a qualidade e eficácia dos serviços, e mais recentemente, a grande campanha de renovação do parque automóvel dos Bombeiros Voluntários, iniciada no ano anterior e que tem continuidade no presente ano com a entrada em funcionamento de três novas ambulâncias.
No entanto, o objectivo de renovação ainda está muito longe de ser atingido e é, no presente, a grande prioridade da direcção e comando da corporação. Por isso, foi lançado um enorme desafio à população do concelho, materializado na campanha AMIGO, através da qual se pretende reequipar e suprir as falhas do parque automóvel dos Bombeiros. A campanha está baseada no contributo daqueles a que chamamos AMIGOS, que poderá assumir diversas formas, quer se tratem de AMIGOS a título individual, AMIGOS empresas ou AMIGOS autarquias. Qualquer um deles consubstanciará o seu apoio em contributos financeiros, pagos em suaves prestações mensais durante um período limitado de tempo. A juntar a estes amigos foi também definida a modalidade GRANDE AMIGO, que a título individual, institucional ou de uma empresa, suportará os encargos da compra de uma ambulância´.
Este é um grande desafio aos limianos, para que estejam disponíveis para apoiar os seus Bombeiros Voluntários, instituição e Homens que dão tudo a troco de nada e que, por isso, merecem o carinho, admiração e colaboração de todos.

segunda-feira, setembro 22, 2003

NADA A PERDER COM O PACTO

O Pacto Para o Desenvolvimento do Minho é um movimento irreversível, lançado pela Universidade do Minho, dinamizado pelo seu Reitor, mas ao qual já aderiram a AIM - Associação Industrial do Minho, União dos Sindicatos de Braga e Viana, Instituto Politécnico de Viana do Castelo, as autarquias do distrito de Braga e pelo menos a de Monção, no distrito de Viana. Apesar de um arranque pouco conseguido, em que o núcleo duro do Pacto estava totalmente centrado no distrito de Braga, os passos que se seguiram permitiram verificar que este é um projecto para todos e que a todos beneficiará, estando reunidas as condições necessárias para o seu sucesso. Para o Minho, esta é uma oportunidade sem precedentes, para ter um espaço geográfico, de características homogéneas, forte e de dimensão razoável, unido em torno de um só objectivo: a correcção de assimetrias, o desenvolvimento e a melhoria da qualidade de vida das suas populações, com base num projecto centrado nas tecnologias e na inovação. Os parceiros deste movimento são a garantia do sucesso do Pacto, quanto a nós histórico, porque os conseguiu unir em torno de um objectivo comum, colocando lado a lado os maiores potenciais do Minho, depois de largos anos de diferenças e a trilharem caminhos desencontrados, sempre com prejuízo para o Alto Minho, que manteve sistematicamente índices de desenvolvimento inferiores aos do distrito de Braga.
Quem não entender a obvia perspectiva estruturante do Pacto e o que ele pode significar para o futuro, estará a enjeitar uma oportunidade histórica de encontrar o rumo do progresso e, sobretudo, ter uma visão estratégica, muito para além do curto e médio prazos, horizontes em que se tem trabalhado até hoje. E, mesmo que desconfianças existam, depois de olhar para o passado e para o seu estado actual, o que tem o Alto Minho a perder com a adesão ao Pacto? Talvez só mesmo um pouco de protagonismo e presença na liderança. O primeiro repartido com muitos mais parceiros; a segunda partilhada com outros ou transferida para as estruturas de investigação.
Por isso, não se compreende a postura da Valima, ou dos líderes dos municípios que a integram, renitentes na abertura de portas e na cooperação com outros parceiros e em novos projectos. O futuro constrói-se com base nas parcerias e, como nos tempos mais distantes, com a colaboração e ajuda dos vizinhos. Sozinhos estaremos sempre mais distantes dos nossos eternos referenciais.
Não posso pois concordar com uma comunidade urbana do Vale do Lima, sem corpo, peso e poder reivindicativo. No entanto aceito-a, embora com reservas, com base em dois pressupostos: em primeiro lugar da convicção que este nunca será um processo de regionalização, antes configurando uma associação de municípios com mais recursos financeiros e competências; em segundo lugar, que as portas para entrada de outros parceiros estarão sempre abertas. Já no que diz respeito ao Pacto, embora seja um movimento irreversível, que avançará com aqueles que a ele tiverem aderido, seria um escândalo, uma verdadeira traição para as populações, que venham a existir municípios do Minho que fiquem de fora.

domingo, setembro 21, 2003

O despertar em Ponte de Lima foi feito já no meio da polémica. As manhãs dos dias das feiras Novas são atravessadas pelo caminhar cambaleante daqueles que não resistiram a uma noite de alegria, confraternização e copos. O espectáculo chega a ser degradante e, na sua esmagadora maiorria, são os jovens os seus protagonistas. A reflexão e a constatação dos factos tem sido feita ano após ano, mas os problemas mantém-se. Urge pois reflectir, levar até às últimas consequências essa reflexão e evitar que, um dia, as Feiras Novas sejam apenas conhecidas pelos maus motivos. Esta é uma festa do povo, que se orgulha em preservar as tradições, dando-lhe um cunho castiço que atrai todas as gerações de Norte a Sul do País. esta á a raiz das Feiras Novas e é aqui que devemos centrar a análise. Mas, nos últimos anos, as feiras Novas são também um polo de atracção da Juventude, tendo-se criado um ambiente que os motiva a demandar Ponte de Lima, ambiente que, no entanto nada tem a ver com a raiz essencial das festas.
Contudo, creio que é possível manter estes dois traços mais distintivos das nossas festas, porque os dois são elementos estruturantes do espectáculo popular, não programado, feito pelas pessoas que vêem às festas e não preparado pela organização. Mas só com regras bem definidas, aceites e implementadas por todos será possível parar e inverter um caminho que, inevitavelmente, levará à descaracterização das Feiras Novas.

sábado, setembro 20, 2003

O Diário Digital referiu-se assim à presença de Portas nas Feiras Novas 2003:
Portas acede a convite de Daniel Campelo
O ministro de Estado e da Defesa Nacional, Paulo Portas, acedeu a um convite do presidente da Câmara de Ponte de Lima, Daniel Campelo, para estar presente nas festas das Feiras Novas.
Depois do autarca ter ajudado a viabilizar, como deputado, um Orçamento de Estado do Governo PS à revelia das instruções do CDS/PP, que votou contra, esta é a primeira vez que Campelo e Portas estarão juntos numa cerimónia pública.
«Sempre disse que nunca me zangaria e nunca me zangarei politicamente, porque isso poderia ser um erro muito grande para o município», disse Daniel Campelo à Rádio Renascença.
Para o autarca, «é bom que se saiba que o respeito institucional deve prevalecer sempre sobre qualquer divergência de pessoas, portanto, não é uma questão apenas de amizade, é uma questão institucional», explicou ainda.


Nota do Público sobre a visita de Paulo Portas a Ponte de Lima:

Portas vaiado em Pote de Lima
Paulo Portas falava em Ponte de Lima, onde se deslocou para presidir ao cortejo etnográfico das festas concelhias, mais conhecidas por Feiras Novas, tendo sido recebido com alguns apupos e assobios.
Os populares manifestavam assim o seu descontentamento pelo facto de Paulo Portas, na qualidade de presidente do CDS/PP, ter inviabilizado a candidatura de Daniel Campelo por este partido à Câmara de Ponte de Lima, há dois anos.
A decisão de Paulo Portas resultou da aprovação do Orçamento de Estado de 2001, apresentado pelo Governo de então, chefiado por António Guterres.
Na altura, Campelo era deputado do PP e, à revelia do partido, decidiu juntar o seu voto ao da bancada parlamentar socialista, garantindo assim a aprovação do Orçamento de 2001, em troca de uma série de investimentos no seu concelho e no distrito de Viana do Castelo.
Esta posição valeu a Daniel Campelo a suspensão do CDS/PP até ao final da anterior legislatura, o que na prática inviabilizou a sua candidatura à Câmara de Ponte de Lima em Dezembro de 2001 nas listas do partido.
Campelo concorreu como independente e manteve a presidência da autarquia.
Esta visita de Paulo Portas a Ponte de Lima, embora seja feita na sua qualidade de membro do Governo, deverá marcar o início da reaproximação entre Daniel Campelo e o seu partido de sempre.
É a primeira vez que Daniel Campelo e Paulo Portas se apresentam juntos em público depois do afastamento provocado pela aprovação do Orçamento de 2001, que ficou conhecido como "o orçamento limiano".

A RTP enveredou pelo mesmo tom:
Ponte de Lima recebe Paulo Portas com apupos e assobiosO ministro de Estado e da Defesa, Paulo Portas, foi sábado recebido com alguns apupos e assobios em Ponte de Lima, aonde se deslocou para assistir ao cortejo das festas concelhias, conhecidas por Feiras Novas.
Os populares manifestavam assim o seu descontentamento pelo facto de Paulo Portas, na qualidade de presidente do CDS/PP, ter inviabilizado a candidatura de Daniel Campelo por este partido à Câmara de Ponte de Lima.
A decisão de Paulo Portas veio na sequência do "caso" da aprovação do Orçamento de Estado de 2001 (OE/2001), apresentado pelo Governo de então, chefiado por António Guterres.
Na altura, Campelo era deputado do PP e, à revelia do partido, decidiu juntar o seu voto ao da bancada parlamentar socialista, garantindo assim a aprovação do OE/2001, em troca de uma série de investimentos no seu concelho e no distrito de Viana do Castelo.

Os jornais de domingo também abordaram a surpreendente visita de Portas a Campelo, ou a Ponte de Lima, ou às festas.

O DN escreveu o seguinte:
Paulo Portas recebido com apupos
MIGUEL RODRIGUES
O ministro de Estado e da Defesa, Paulo Portas, foi ontem recebido com apupos e vaias por alguns populares de Ponte de Lima, quando se preparava para assistir, ao lado de Daniel Campelo, presidente da câmara, ao cortejo etnográfico das festas do concelho, conhecidas por Feiras Novas.
«Campelo nunca deveria tê-lo deixado entrar outra vez em Ponte de Lima», afirmou um popular. Mesmo junto à bancada e preparando-se para assistir ao cortejo, um outro popular vaticinou: «Campelo errou e se calhar a população poderá interpretar mal este gesto». Outros, no entanto, pareciam entender a situação. «Isto é normal, são os jogos da política», afirmou um homem, enquanto ajustava o banco para se sentar na avenida para assistir ao desfile.
Portas e Campelo entraram em ruptura durante o processo da votação do Orçamento de Estado (OE) de 2001. O autarca de Ponte de Lima, então deputado pelo CDS, viabilizou, com a sua abstenção, o OE do Governo do PS de António Guterres, contrariando o sentido de voto do partido. Depois, Campelo foi suspenso do CDS. Até ao ano passado.
Ontem, o presidente do CDS referiu que ele e o autarca «tiveram um problema duro e sério» com essa votação, pois o deputado «entendeu que defendia a sua terra». «Eu tive que abrir um processo disciplinar porque entendi que esse voto prejudicou o País».
Segundo Portas, «foi uma sanção pesada, talvez das maiores dentro do partido, que Daniel Campelo cumpriu», tendo «recuperado posteriormente os seus direitos».
Perante a moderação das palavras do líder, o autarca respondeu com alguma prudência. «Não é preciso fazer as pazes porque tudo não passou de uma divergência», algo que «é normal», pois «eu aceito entrar em rota de colisão com o meu partido quando não concordo», realçou. «Nunca jurei obediência partidária, mas sim à minha consciência.»
Em declarações aos jornalistas, Paulo Portas defendeu que Portugal deve continuar empenhado no controlo do défice e no equilíbrio das contas públicas, para, no futuro, poder baixar os impostos aos cidadãos e às empresas.

O JN viu assim o reencontro dos dois populares:

Portas foi apupado na terra de Campelo
Polémica Ministro da Defesa e autarca garantem que voltariam a fazer o mesmo População não perdoa

Raquel de Melo
Assobios e apupos marcaram a recepção, no mínimo fria, da população limiana ao ministro da Defesa e líder do CDS-PP.
"Ambos voltaríamos fazer o que fizémos e sem ressentimentos", disse Paulo Portas a Daniel Campelo, ontem, em Ponte de Lima, na despedida da visita oficial do ministro da Defesa às festas do concelho.
Foi uma frase que sintetiza o relacionamento entre ambos, recordando a divergência entre eles, quando, em 2000, o autarca, então deputado do CDS-PP, viabilizou, à revelia da orientação oficial do partido, um Orçamento de Estado proposto pelo Governo de Guterres. Seguiram-se acusações mútuas e um processo disciplinar, que culminaram com uma candidatura independente vitoriosa de Campelo à Câmara de Ponte de Lima.
"Tivémos um problema sério há uns anos. Ele votou um orçamento a defender a sua terra e o tive de lhe abrir um processo disciplinar, porque entendi que prejudicava o país", recordou Portas.
Foi imposta uma sansão "das mais severas que houve no partido e que Daniel Campelo cumpriu até ao último dia", agora, como recordou Portas, já recuperou a sua condição de militante do partido.
O autarca garante que "nunca houve guerra" e diz ter acreditado que a viabilização do Orçamento "era o melhor para o país e para as pessoas".
Convidado de honra das Feiras Novas como ministro da Defesa, Portas não foi à zona mais central da vila, limitando-se a percorrer o trajecto entre os Paços do Concelho, onde se reuniu com Campelo, e a tribuna. Um percurso curto mas suficiente para se ouvirempoucos aplausos e muitos apupos e assobios, que foram rapidamente minimizados por Daniel Campelo.
Já na qualidade de militante, Campelo, também presidente da assembleia distrital do CDS-PP, garante "não ter qualquer interesse particular por não ser candidato a nada"e admitiu poder ter compromissos que o impeçam de ir ao conclave.

E do Público
Portas e Campelo Reconciliam-se Entre Sorrisos e Apupos
Por MARIANA OLIVEIRA
Domingo, 21 de Setembro de 2003

A reconciliação oficializou-se. Um ministro da Defesa bronzeado e sorridente assistiu ontem ao cortejo etnográfico que integra as festas de Ponte de Lima, as Feiras Novas, ao lado de um presidente da câmara não tão bronzeado, mas igualmente sorridente. Paulo Portas e Daniel Campelo evitaram a palavra reconciliação e não esconderam as divergências conceptuais, mas não conseguiram negar a evidência do primeiro reencontro público, após o autarca do PP ter viabilizado o orçamento de Estado de 2001, no Governo Guterres.
"Se o Senhor perdoou a quem o matou porque é que o presidente Campelo não ha-de perdoar ao dr. Paulo Portas?", questionava Jacinta Gonçalves, uma residente no concelho, que vem todos os anos às Feiras Novas. A limiana que esperou duas horas para garantir um lugar na primeira fila, mesmo em frente ao palanque onde estavam os convidados VIP, concorda com a reconciliação, mas deixa algumas reservas: "Se fosse comigo, eu não perdoava porque ele [Paulo Portas] insultou-o [Daniel Campelo] muito".
Talvez porque as palavras do líder do PP ainda permanecem na memória de alguns limianos, à chegada Paulo Portas foi recebido com alguns apupos. Mas os assobios tiverem pouca convicção e não chegaram para estragar a festa. "Não reparei em nada, mas é normal que haja sempre uma ou outra pessoa descontente", referiu Daniel Campelo.
Bebericando e "piquenicando" broa e alguns doces da região, o cortejo foi passando pelo palanque. As nuvens ameaçaram, mas a chuva foi de pouca dura. Os visitantes não se deixaram intimidar e sentados nos pequenos bancos, com guarda chuvas em punho, não arredaram pé.
No final do cortejo, Daniel Campelo negou ter-se zangado alguma vez com Paulo Portas. "Nunca houve guerra, houve divergências e há divergências". Apesar da recusa lá foi dizendo que esta é uma forma de mostrar que não tem "nenhum problema de relacionamento com o dr. Paulo Portas ou com outros ministros do Governo". Reforçou que continua a ter as mesmas concepções e a mesma noção de liberdade política. "Nunca jurei nem vou jurar obediência a um partido; só juro obediência à minha consciência", afirmou o presidente da Câmara de Ponte de Lima.
O ministro Paulo Portas não teve problemas em assumir que teve com Campelo "um problema duro e sério". E recordou o motivo das divergências: "O engenheiro Campelo votou a favor de um orçamento porque defendia que servia a sua terra, enquanto eu penso que o projecto prejudicava o país". O líder do PP lembrou, no entanto, que a suspensão de Campelo do partido estava limitada à passada legislatura e, por isso, já foi ultrapassada. "O engenheiro cumpriu até ao último dia as sanções que lhe foram aplicadas e depois recuperou os seus direitos".
Em altura de pazes, poucos se lembram das palavras já longínquas dos políticos. Portas afirmou que perante a atitude de Campelo só havia um caminho, "a separação", reforçando a natureza "irreparável" do gesto. "Prefiro perder uma câmara a perder a alma", disse o líder do PP. Por seu turno, Campelo sustentou que "os líderes passam e o partido fica", mostrando-se "desiludido, cansado e revoltado" com a posição assumida pelo partido. Mas palavras passadas não movem moinhos.
Paulo Portas, Ministro de Estado e da Defesa visita Ponte de Lima, para assistir ao Cortejo Etnográfico das Feiras Novas. Nada de anormal, dirão os mais desatentos. Para quem ainda tem memória, o convite da Câmara Municipal ao Ministro Paulo Portas pode ter apenas duas interpretações. A primeira que Daniel Campelo tem interesse em voltar a estreitar as suas relações com o líder do seu partido, após a ruptura provocada pelo caso do "Orçamento do Queijo", assumindo o seu erro. A segunda, e mais remota, Paulo Portas vem pedir desculpa a Daniel Campelo por não ter concordado com a sua abstenção na votação do Orçamento de Estado. Esperamos as cenas dos próximos capítulos e os comentários dos próximos dias.
As Feiras Novas estão aí, a todo o vapor. A vila de Ponte de Lima enche-se de gente. Vêm de toda a parte procurando um ambiente único em todo o Minho e no País. É um ambiente de festa, alegria e confraternização. Este ambiente único fez com que as festas tenham crescido muito nos últimos anos, facto que está a levar a Comissão de Festas a introduzir alterações no programa, organização e gestão das mesmas. Estou espectante relativamente às mudanças, para as quais tem havido coragem e ideias inovadoras.

sexta-feira, setembro 19, 2003

Estou confuso. Hoje é o primeiro dia oficial das "Feiras Novas". No entanto, "oficialmente" elas começaram no dia 17 com a inauguração do monumento ao tocador de concertina. Quem está a falar verdade? O Programa das Festas ou o Presidente da respectiva Comissão?
Afinal temos "Os Limianos" em pleno. Felizmente os piores vaticínios não se concretizaram e, na época 2003/2004 teremos as cores do nosso clube em actividade. Gentre da terra, direcção arejada, vontade de trabalhar vão estar em campo em Ponte de Lima. Finalmente a coragem de, com realismo, assumir o saneamento financeiro como única prioridade: jogadores a custo zero, aposta na formação e jovens de Ponte de Lima. Boa sorte para a época desportiva e não desportiva. Se for com vitórias no campo, é bom, mas que a vitória seja sobretudo na tesouraria.

domingo, agosto 24, 2003

TURISTAS?
Nos idos anos de 1995, em reunião da Câmara Municipal de Ponte de Lima, alertei o executivo para a crescente degradação da nossa vila, sobretudo aos fins de semana, motivada pela escassa qualidade dos visitantes que, antes de visitarem, respeitarem, apreciarem e consumirem em Ponte de Lima, tiravam proveito do que de melhor a vila tinha para lhes oferecer, o rio, as margens a beleza natural, sem qualquer ponta de respeito. Apelidei esse fenómeno de "Turismo de Garrafão", que traz prejuízos à economia local e poucos benefícios. A mensagem foi muito mal recebida por alguns sectores do poder municipal instalado.
Hoje em dia, oito anos volvidos, e com os mesmos sectores municipais instalados, o problema continua, embora tenham sido tomadas algumas medidas para o tentar minimizar. No entanto, hoje, o que se vê não é de forma alguma agradável. Estacionamento desordenado, desorientado e nocivo para a paisagem e para o ambiente, acampamentos piratas ou pouco por toda a parte, com especial incidência nas margens do Lima, fogueiras e fogareiros um pouco indiscriminadamente pelas margens do Lima. Tudo isto se mantém, tal como existia já em 1995. Urge mudar, pensar num plano estratégico que dê dignidada a Ponte de Lima, a quem nos visita e a quem habita por estas terras, ao fim e ao cabo, aqueles que mais gostam do nosso verde, da nossa paisagem e a quem mais dói o estado das coisas.
Algumas sugestões:
1 - Impedir o acesso automóvel às margens do Rio Lima, com barreiras como as já existentes, entre a ponte da Guia e S. João;
2 - Proibir o trânsito, nos meses de Verão, entre S. João e a Ribeira;
3 - Construção de um parque de campismo em Ponte de Lima, para albergar o elevado número de campistas e proibir a prática do campismo nas outras zonas;

quinta-feira, agosto 21, 2003

CONTRA A INDIFERENÇA
A notícia caiu seca: "A Associação Desportiva os Limianos suspendeu a sua actividade", manietada pelas elevadas dívidas que contraiu, que a impedem de inscrever jogadores e de receber quaisquer receitas. Foi uma morte anunciada, que surgiu na sequência de longos anos de incerteza e dificuldades diversas, que culminaram com a ascensão à liderança do clube de direcções irresponsáveis, desconhecedoras da história, do clube e do próprio fenómeno futebolístico. Surgiu num momento significativo na vida do clube mais representativo de sempre, na história de Ponte de Lima - no ano em que celebrava o seu cinquentenário. Surgiu no meio de uma indeferença generalizada, que doi e que deve fazer ponderar todos os limarenses sobre as qualidades actuais da sociedade e a sua capacidade de intervenção e oposição ao destino. "Os Limianos" entraram em coma profundo, mas ninguém se importou. Talvez esteja a morrer um "fardo" que Ponte de Lima carregava há alguns anos, um fardo que foi incómodo para muitos mas também significou glória para outros e para o concelho, pois foi um dos seus maiores expoentes, que catapultou o nome Ponte de Lima para a ribalta, através do desporto, o fenómeno mais mediático que ajudou a promover muitos barões. Mas nada disto valeu na hora de reconhecer e assinar o mais que provável óbito.
A dor da indiferença é enorme e incomoda. Ponte de Lima não é um concelho muito propenso a revoltas nem a reacções acaloradas e emotivas. É um concelho conformado, conservador que não aprecia mudanças radicais nem mesmo revoluções tranquilas. Prefere ver tudo na mesma, mesmo que esteja mal, do que mudar para evitar a incerteza. Prefere deixar morrer, ou presenciar uma angustiante agonia do que tentar uma cura salvadora, mas que pode também matar o paciente.
As grandes revoltas e mobilizações populares ocorridas num passado recente em Ponte de Lima tiveram como centro ou como grande municiador, o Presidente da Câmara Municipal: foi a questão do encerramento da unidade da Lacto Ibérica, que movimentou inúmeros limianos, com Daniel Campelo à Cabeça ( alguém se lembra?), as tradicionais visitas de Paulo Portas a Ponte de Lima, com grandes banhos de multidão (velhos tempos!), a campanha de angariação de fundos para apoiar as vítimas dos recentes incêndios na zona centro e no Algarve (com excelentes resultados).
Estes factos levam-nos a pensar que, se Daniel Campelo assim quisesse, seria possível mobilizar Ponte de Lima e a sociedade limiana para salvar "Os Limianos". Não era necessário injectar dinheiro da autarquia, bastaria a vontade e o envolvimento do seu Presidente. Mas nada disso aconteceu. A A. D. "Os Limianos" pouco interessa à autarquia - embora Vereadores seus já tenham sido dirrigentes e atletas do clube. Preferem ver morrer o maior embaixador do concelho a dar um passo para garantir a sua história.

sábado, agosto 16, 2003

JUVENTUDE DIGITAL

Desde 1985 que foi instituido pela Assembleia Geral da ONU o "Dia Internacional da Juventude" e desde 1998 que esse dia se celebra a 12 de Agosto. De acordo com a Organização das Nações Unidas, são jovens aqueles que tiverem idade compreendida entre os 15 e os 24 anos. Existem no Mundo um bilião de jovens, cerca de 18% da população. Em Portugal são perto de um milhão e quatrocentos mil, mais de 14% dos portugueses. Trata-se de uma fatia significativa da população, uma faixa etária com problemas e necessidades específicas, para as quais devemos estar sensibilizados e atentos, mas também preparados para intervir, no sentido de dar resposta aos anseios e expectativas daqueles em quem depositamos a nossa esperança e a nossa ilusão. A ONU identificou como áreas prioritárias de actuação para a juventude as seguintes: Educação, Emprego, Fome e pobreza, saúde, ambiente, abuso e consumo de drogas, delinquência juvenil, ocupação de tempos livres, jovens mulheres, participação dos jovens na sociedade e nos processos de decisão. São, seguramente, temas que a todos nos preocupam, diferindo a prioridade do país para país, de continente para continente.
O tema definido pela ONU para o "Dia Internacional da Juventude" do corrente ano foi o do Emprego. Disse bem, Emprego e não desemprego. É um desafio com o qual se debatem os jovens de todo o Mundo, que representam cerca de 40% das pessoas que não têm emprego e que procuram um posto de trabalho. E é aqui que tudo se joga. É imprescindível que as novas gerações entendam que, hoje, é muito difícil conseguir um emprego estável, que muitas vezes o melhor caminho é o do empreededorismo, que a qualificação é uma trave mestra do mundo do trabalho, que o percurso de cada um é construído a partir da base, cimentado nos conhecimentos, na experiência, na formação e na capacidade individual. Quem não entender isto, estará completamente desfasado da realidade. Mas existe a outra face da moeda. O Estado tem também a responsabilidade de dinamizar a economia mantendo o equilíbrio das contas públicas, de apoiar o sector produtivo sem o condicionar e de promover o emprego. Se tal não acontecer, o avultado investimento dos Estado na educação será totalmente desperdiçado, já que os jovens depois da sua formação académica não terão acesso ao mundo do trabalho, onde pagariam impostos que, por sua vez, suportariam os serviços públicos.
Que o Dia Internacional da Juventude tenha constituído e continue a constituir um momento de reflexão sobre os problemas do jovens e sobre as perspectivas da sua resolução. Com toda a certeza que, da sua parte, contaremos sempre com a natural irreverência, mas também com a pereseverança e capacidade de corresponder aos maiores desafios.

Decorreu recentemente em Viana do Castelo mais uma Edição da "Minho Campus Party", uma iniciativa da Associação Industrial do Minho, que fez da capital do Alto Minho também a capital das novas tecnologias e da inovação. Foi um grande momento de exaltação das potencialidades do Minho no campo tecnológico e da inovação. Os mais de mil participantes no evento foram a prova disso mesmo, provenientes das mais diversas zonas do País. Passado o evento, e já a pensar no próximo, que fique sobre o Minho a auréola de região digital, onde a aposta nas novas tecnologias deve ser cada vez mais forte, potenciando todas as instituições que trabalham nesta área e aproveitando o valiosíssimo "know how" existente na universidade e politécnicos da região.

sexta-feira, agosto 15, 2003

O SENHOR TURISMO



Indiferente à polémica atribuição da distinção ouro a Alvarez – Cascos, o homem que ordenou que o navio “Prestige” fosse encaminhado para longe da costa espanhola, onde veio a afundar-se; alheio à manifestação de protesto pelo não reconhecimento, através de atribuição de medalha, do trabalho dos milhares de voluntários, para a remoção do “chapapote”, o Presidente da Região de Turismo do Alto Minho (RTAM), Francisco Sampaio, foi agraciado no dia 26 de Julho – Dia do Apóstolo e da Galiza - pelo Presidente da Junta da Galiza Fraga Iribarne, com a Medalha da Galiza, na sua categoria prata. Este gesto do Presidente da Xunta, representante de toda uma região cheia de afinidades linguísticas, culturais, patrimoniais, ambientais, paisagísticas e humanas com o Norte de Portugal, vem reconhecer todo o trabalho de Francisco Sampaio em prol do incremento das relações entre o Norte de Portugal e a Galiza. Não é vulgar que este galardão, atribuído desde 1984 na sua categoria ouro, e desde 1991 nas categorias prata e bronze, seja entregue a cidadãos portugueses. Por isso, apesar da reduzida expressão que esta distinção teve nos media nacionais, creio que é um facto digno de registo que, além de encher de orgulho o Presidente da RTAM, deve orgulhar o Norte de Portugal e provocar a reflexão sobre o que têm sido as relações da região Norte, e concretamente do Minho, com a Galiza, região pujante e empreendedora, que tem dado grandes saltos qualitativos no rumo do desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida. A Galiza é uma região que potencia os seus recursos, que aposta nas suas grandes riquezas de uma forma aberta e descomplexada. Veja-se o caso do turismo, com a valorização dos recursos naturais e a aposta nas grandes potencialidades da sua costa; a gastronomia sempre muito ligada ao mar; o património histórico e cultural, cujo expoente máximo é Santiago de Compostela e os seus caminhos; mas também a indústria e os serviços, muito competitivos e agressivos. Foram anos de desenvolvimento que estão hoje a dar os seus frutos.

Tendo em conta o seu passado, a sua história, o seu percurso recente e as grandes afinidades com o Minho, para nós portugueses, a Galiza não deve constituir uma ameaça mas sim um desafio, um exemplo de que é possível fazer mais e melhor e, sobretudo, que nos faz entender que não podemos percorrer caminhos separados. A Galiza faz muita falta ao Minho assim como o Minho faz muita falta à Galiza. Francisco Sampaio, depois de quase vinte e cinco anos de trabalho e dedicação à frente da Região de Turismo do Alto Minho, pode ser a imagem de uma nova forma de estar, de um novo paradigma que não vê fronteiras, mas sim mercados, que não vê concorrência, mas sim oportunidades de negócios e desenvolvimento, que vê no Norte de Portugal e na Galiza um território comum que apenas a história quis separar.

A homenagem é merecida, e a ela me quero associar porque o homenageado inspira e expira Alto-Minho, mas também é um desafio e um acumular de responsabilidades, no sentido de promover ainda mais o desenvolvimento do turismo na área de influência da RTAM, de dotar aquela zona das infra-estruturas de que ainda carece, de tornar competitivo e atractivo o seu produto turístico, para que seja cada vez mais procurado e rentabilizado. É também um desafio para as autarquias locais, no sentido de olharem a indústria do turismo como uma mais valia e um dos melhores caminhos para desenvolverem as suas localidades, melhorando a qualidade de vida dos seus munícipes.

João Carlos Gonçalves

sábado, agosto 02, 2003

RIO DE MEMORIAS QUE TODOS DEVEMOS PROTEGER


Recentemente, a Câmara Municipal de Ponte de Lima promoveu, em colaboração com o Clube Náutico de Ponte de Lima uma descida do Rio Lima, com o objectivo de sensibilizar autarcas, dirigentes associativos e de instituições locais para a necessidade de preservar o Rio Lima e o belíssimo vale que o envolve. A descida foi efectuada em canoa e permitiu, pelo menos três coisas:

- Testar a condição física dos participantes, pois tiveram que pagaiar entre o cais da Garrida, em S. Martinho da Gandara e Ponte de Lima;

- Verificar a grande beleza e potencialidades do Vale do Lima, visto a partir do seu interior;

- Constatar que há ainda muito a fazer, tanto para corrigir erros do passado, como para evitar agressões ambientais no presente.

Hoje em dia, o rio do esquecimento dos romanos, inspirador de António Feijó, António Ferreira, Teófilo Carneiro, Diogo Bernardes e muitos outros poetas da Ribeira Lima já não tem as águas límpidas de outrora, já não corre no silêncio das suas próprias margens, cada vez mais ocupadas e sujeitas à especulação e avidez de empresários e particulares, que ainda pensam, de uma forma demasiado egoísta, que a sua desejada qualidade de vida não prejudica a dos outros. Mas são também as políticas, do poder central ou local que, não olhando para a valiosa herança dos nossos antepassados, não evitam a tentação de prejudicar o maior tesouro que a humanidade pode possuir: a qualidade do ambiente e a preservação da riqueza natural do nosso Planeta. O cuidado com o bem comum é responsabilidade de todos, um dever colectivo, uma expressão da mais profunda cidadania. Intervenções na natureza ou que dela tirem algum proveito devem ser objecto de discussão prévia, o mais alargada, profunda e universal possível. Não é uma discussão pública de um estudo de impacto ambiental, que decorre num curto espaço de tempo e é baseado em documentos essencialmente técnicos, que legitima uma intervenção – boa ou má. Só um debate sério e esclarecido, precedido de ampla divulgação pode viabilizar um projecto que utilize ou condicione o bem natural.

Nos últimos anos, muitas intervenções têm sido levadas a cabo nas margens do Rio Lima. Se umas o respeitaram, outras lamentavelmente usaram-no, prejudicaram-no e enfraqueceram-no. E a todos os limianos também. Por isso, numa atitude preventiva e legítima, devemos exigir que, com clareza, sejam devidamente esclarecidos os contornos e as consequências de quaisquer intervenções ou projectos delineados para as margens do Lima. Da nascente até à foz. O Lima, que já teve águas mais límpidas, é uma das maiores riquezas da região, que não podemos perder, custe o que custar.

quarta-feira, julho 30, 2003

A polémia do Pacto para o Desenvolvimento do Alto Minho



O MINHO ACABA MUITO ALÉM DO DISTRITO DE BRAGA
Desde a entrada em funções da nova Reitoria da Universidade do Minho, têm sido lançadas propostas e projectos concretos de colaboração daquela Universidade com diversas entidades públicas da região, com o objectivo de colocar o enorme e valioso know-how da universidade ao serviço do desenvolvimento sustentado e do combate às assimetrias existentes no Minho.
A última iniciativa consiste na proposta de um Pacto Regional, com vista à constituição de um Fórum que visa “a promoção do desenvolvimento equilibrado da região, orientado à correcção de assimetrias”. Esta é uma iniciativa que se saúda, pela sua coragem, por ser uma pedrada no charco que tem sido uma região Minho multifacetada, com interesses antagónicos e que tem vivido, invariavelmente, com os seus protagonistas de costas voltadas, com cada “quinta” entregue ao seu “senhor”. O trabalho que tem pela frente o Reitor da Universidade do Minho é enorme, pois terá que juntar o que sempre esteve desunido, terá que impor uma só voz num espaço onde todos falam e, muitas vezes, ninguém tem razão ou é ouvido.
Como contributo para o debate que esta questão suscitou, gostaria de aqui deixar algumas reflexões e reticências que, a serem ultrapassadas podem fazer com que a iniciativa do Dr. Guimarães Rodrigues constitua um êxito, que desejo por entender que esta grande região merece mais e melhor do que aquilo que o passado lhe tem proporcionado.
A Universidade do Minho tem muito para dar à região que lhe dá o nome. Contudo, depois de um passado com trinta anos, é de lamentar que só agora tenha lançado as bases para ultrapassar a dolorosa realidade das assimetrias, que são tão grandes entre o Minho e as regiões mais desenvolvidas do país, como o são, por exemplo, entre o distrito de Braga e o de Viana do Castelo. Não é fácil ver as assimetrias do Alto Minho a partir de Braga. Logo no pontapé de saída, que consistiu num encontro preparatório, poucas foram as autarquias do distrito de Viana do Castelo que se fizeram representar. Sinal de pouco interesse? Sinal de desconfiança? A ausência dos representantes da Associação de Municípios do Vale do Lima e as reticências levantadas pelo Presidente da Associação de Municípios do Vale do Minho, Rui Solheiro na reunião realizada em Monção, são demonstrativas do reduzido entusiasmo que reina no distrito de Viana do Castelo. E alguns argumentos apresentados são legítimos e devem ser levados na devida conta. Envolvendo esta pretensão da U. M. toda a região, foi notada a ausência de uma Instituição do Ensino Superior do Alto Minho, neste caso o Instituto Politécnico de Viana do Castelo, e de uma estrutura representativa dos sindicatos deste mesmo distrito. Esta iniciativa pareceu, pois, estar talhada para envolver mais as instituições do distrito de Braga do que as do distrito de Viana do Castelo, o que a pode direccionar para uma área geográfica mais restrita, deixando de fora o distrito do Minho mais necessitado de uma estratégia de desenvolvimento sustentado para esbater as enormes assimetrias relativamente a outras zonas do País. Dir-me-ão que se pretende partir de um núcleo mais restrito, alicerçado nos concelhos mais fortes de Braga, sindicatos desse mesmo distrito e Universidade do Minho, que será gradualmente alargado a outros parceiros, que fortalecerão este movimento. Concordo. A metodologia parece estar correcta, os princípios é que estão desajustados. Para promover um desenvolvimento sustentado e para corrigir assimetrias, é imprescindível não que estejam todos desde o início, mas que toda a região esteja presente, confie e se reveja no “núcleo duro” do movimento que se coloca em marcha, o que obviamente não aconteceu. O Dr. Guimarães Rodrigues, que tem provado que é um Homem com ideias e projectos para a região, tem agora a oportunidade de acertar o rumo deste Pacto que quer colocar em andamento e que, estou convencido, poderá ajudar o Minho a chegar a outros patamares de qualidade de vida e de desenvolvimento.
Por outro lado, sem qualquer sentimento de índole regionalista ou mesmo bairrista, parece-me que dois pontos parecem emergir de toda esta questão. Em primeiro lugar, existe um apagamento e falta de protagonismo do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, no campo da abertura à comunidade e participação na elaboração e implementação de estratégias de desenvolvimento na sua área de influência. Por outro lado, a Universidade do Minho, por muito que tente dizê-lo, ainda não tem uma influência e uma estratégia para todo o Minho, centrando-se antes no triângulo Braga-Guimarães-Famalicão, esquecendo a verdadeira dimensão da região em que está implantada e que devia servir de outra forma, designadamente através da instalação de um pólo no distrito de Viana do Castelo, bem à semelhança daquilo que, em boa hora, fez em Guimarães.
Para finalizar, uma boa forma de ilustrar a forma distorcida como se vê a região Minho a partir de Braga, uma referência a uma discussão, nestes momentos em curso naquele distrito – a criação de uma “Área Metropolitana do Minho”, mas que, a ser concretizada, terá apenas como parceiros municípios do distrito de Braga. A palavra Minho tem um significado e um alcance muito diferente daquele que lhe querem dar, para os lados do Cávado, do Este e do Ave.

João Carlos Brandão Gonçalves
jocabrago@nortenet.pt