quarta-feira, dezembro 10, 2003

A BOLA ESTÁ DO LADO DO VALE DO MINHO (1ª Parte)

O processo de definição das comunidades a implementar no Alto Minho foi longo, muito discutido, polémico e com um desenlace final que a poucos agradará. O resultado será o da constituição de “contra-comunidades, dado o seu carácter marcadamente oposicionista e não comunidades no verdadeiro sentido da palavra, com anseios e projectos comuns. Apesar de não constituírem um processo de regionalização, pois, entre outras razões, os seus poderes são limitados e os seus órgãos não são escolhidos por sufrágio universal, as comunidades urbanas deveriam configurar um espaço de coesão, com objectivos e interesses comuns, com identidade histórica, cultural, patrimonial e regional, com peso e poder reivindicativo. Do ponto de vista dos princípios, o Alto Minho era, sem qualquer dúvida, uma comunidade urbana natural, de contornos pacíficos e, acima de tudo, necessária. Infelizmente tal não foi, até ao momento, possível. E não foi possível porque, tanto da parte do Vale do Lima como do Vale do Minho o calculismo e o jogo táctico imperaram. Senão vejamos. Quando o Vale do Minho apela à constituição de uma comunidade urbana para o Alto Minho, o Vale do Lima avança com uma comunidade urbana a quatro; A Valima declara que as portas da sua comunidade estão abertas a todos aqueles que solicitarem a adesão e o Vale do Minho avança para uma comunidade intermunicipal; Esposende e Caminha declaram a sua vontade de adesão à futura Valimar e os municípios do Vale do Minho mantém a comunidade intermunicipal, além de constituírem uma comunidade de colaboração transfronteiriça. Este jogo de parada e resposta, leva-nos a tirar as seguintes ilações e conclusões:
Os municípios do Vale do Lima, com o seu peso populacional e a continuidade geográfica estavam em condições de constituir uma comunidade urbana (ao contrário do Vale do Minho) e avançaram decididamente para o processo de constituição da Comurb; os municípios socialistas do Vale do Minho nunca se mostraram interessados em aderirem ao movimento liderado pela Valima, facto que, com as devidas ressalvas, a partir de um determinado momento entra em contradição com as suas próprias intenções e propostas, comprometendo então definitivamente aquilo que inicialmente defenderam: a comunidade urbana do Alto Minho; o Vale do Lima é acusado de pretender controlar ou condicionar o controlo da comunidade urbana, mas parece evidente que esse é, e sempre foi, também o objectivo do Vale do Minho; a adesão de Esposende e Caminha ao movimento dos municípios do Vale do Lima, constituindo a Valimar, reforçou e consolidou esse movimento e enfraqueceu ainda mais o do Vale do Minho.