Aplauso no meio de assobios
Em Ponte de Lima existe uma forte tendência para o assobio. Assobia-se por tudo e por nada. Quando se faz alguma coisa, assobia-se, com veemência e peito cheio, porque não se devia fazer ou, pelo menos, se devia fazer doutra forma. Quando às vezes se faz mal, assobia-se para o ar, fazendo de conta que não se vê. Na autarquia está, e de uma forma geral sempre esteve, gente inteligente e sensível às reacções populares. Por isso, tudo o que for polémico, ou possa gerar polémica, tudo o que contrarie o "status", tudo o que possa causar incómodos no lento passar das horas limianas, pura e simplesmente não é feito.
Por isso, não era de esperar tamanha reacção à instalação no Largo de Camões de duas milenares oliveiras vindas da alentejana Serpa. Não era de esperar porque, caso contrário, ficariam à espera de um outro dono. Os assobios foram fortes, mesmo estridentes.
Pela parte que me toca, acho a ideia interessante - plantar árvores em canteiros que nunca o foram nem mereceram o respeito dos transeuntes, benéfica - o Largo de Camões necessitava de árvores e sombras, mas em locais que não pusessem em causa a estética do local, e com valor patrimonial - numa vila património, nada melhor do que árvores com história. Por isso, sem querer contrariar os assobios, aqui vai o meu aplauso.