Transformar os Problemas em Desafios
A divulgação do PIDDAC regionalizado para o distrito de Viana do Castelo provocou uma onda de protestos devido às dotações definidas, com uma descida notória quando comparados com o ano anterior, os investimentos previstos para 2004. Também não gostei dos montantes definidos para o nosso distrito. Gostaria que fossem muito mais generosos e equilibradamente distribuídos pelos dez concelhos, mas também tenho a consciência de que, fossem quais fossem os montantes, teríamos sempre os partidos da oposição insatisfeitos e a reclamarem mais, e o partido que suporta o Governo a justificar os montantes inscritos como bons.
O que parece é que este “folclore Piddaquiano” cujo festival ocorre invariavelmente após o 15 de Outubro, tem um cheiro intenso a mofo e, na actual configuração, será com toda a certeza retomado no próximo ano, com os mesmos ou com outros protagonistas. Com a quantidade de instrumentos financeiros e programas disponíveis, directamente para as autarquias ou através da administração central, o PIDDAC não passa de algumas gotas no oceano, tornando-se completamente descabido e demagógico centrar qualquer discussão política, sobre os investimentos numa determinada região, nos montantes inscritos em PIDDAC. Se aos milhões do PIDDAC se juntarem, entre outros, os milhões do PRASD (nunca mais ninguém falou dele), os milhões da A27 ou IP9 que ligará Viana do Castelo a Ponte de Lima, os milhões do IC1 entre Viana do Castelo e Caminha, já teremos muitos mais milhões do que aqueles que, no passado, foram investidos anualmente em Viana do Castelo. É uma questão de justiça e de verdade. O que está mal, e não serve ninguém é o PIDDAC tal como nos é apresentado, por ser redutor e não fornecer uma ideia correcta e concreta dos investimentos efectivamente previstos.
O que é necessário para o futuro, e isto exige a participação e empenhamento de todos, é transformar os problemas do distrito em desafios, olhar para o futuro com visão estratégica e exigir, a uma só voz, cada vez mais investimento – mas investimento de qualidade e estruturante – mais necessário nas regiões periféricas e desfavorecidas. Estou convencido que, em 2004, o Alto Minho não ficará a perder mas é este o momento certo para exigir mais e melhor, ultrapassando a figura patética dos que choram sobre factos consumados e pouco ou nada fazem para abrir novos horizontes e romper com os bloqueios do passado. Mais do que conversa, charlatanismo ou requerimentos inócuos, o que Viana do Castelo necessita é de peso político junto de Lisboa. Falar a uma só voz é determinante, acabando com as “quintas” , os interesses particulares e as rivalidades pessoais que têm condicionado os interesses colectivos.
Se o Alto Minho fosse uno, nunca existiriam “Orçamentos do Queijo” de eficácia duvidosa; guerras pelo traçado de vias de comunicação estruturantes, pois seria fácil encontrar consensos e equilíbrios entre o interesse das populações locais e o interesse geral; divisões na constituição de associações de municípios porque a lógica regional que a todos nos une prevaleceria; reservas relativamente a projectos de grande alcance como o Pacto para o Desenvolvimento do Minho, porque a melhoria da qualidade de vida é um objectivo por todos ambicionado. Estas são questões vitais para todos aqueles que desejamos um futuro melhor para os nossos filhos. O umbiguismo e partidarite aguda reinantes são os maiores factores de depressão do Alto Minho.