O "Nosso" Boletim Municipal, os "Bons" e os "Maus"
Saiu mais um número do Boletim Municipal "Ponte de Lima", com o habitual cuidado gráfico e conteúdo pautado pela leveza (da distribuição da informação). Esta leveza é fortemente sacudida logo no editorial, da responsabilidade do director da publicação, o Eng. Daniel Campelo, no qual se refere à aprovação do PDM e à orientação de voto e comportamento da oposição.
É evidente que o Sr. Presidente da Câmara não gosta de votos contrários ao seu. Compreende-se. E que adora a unanimidade. Quem não gosta? O que não pode fazer de forma alguma é zurzir e fazer juizos de valor sobre a opinião dos seus opositores políticos. O que seria das reuniões do executivo e da assembleia municipal se tal acontecesse sistematicamente?
Havia razões para votar contra o PDM. Não tenho qualquer dúvida. Como plano de desenvolvimento que é, estava coxo, faltava-lhe muito para atingir os objectivos mínimos. Esqueceu o ordenamento ao nível dos equipamentos desportivos, sociais, recretaivos e culturais. Não foi escrita uma só linha sobre o ordenamento da rede educativa. Faltou visão de futuro ao projectar os próximos dez anos, mesmo ao nível das vias de comunicação estruturantes para o concelho. Pena foi que a discussão do documento se circunscrevesse à área de construção. Foi redutora e incidiu no ponto em que este PDM mais evoluiu em relação ao anterior: a área de construção autorizada.
O que ficou por dizer ao Sr. Presidente da Câmara foi se aceitaria alguma alteração ao PDM na Assembleia Municipal, se permitiria alterar o documento que propôs para votação final, obrigando-o a fazer novo périplo pelas inúmeras entidades que o acompanham. Sinceramente penso que não o faria, como não o fez à maioria das reclamações redigidas durante o período de discussão pública.
É a habitual retórica do discurso populista e demagógico que já estamos habituados a ouvir dos Paços do Concelho de Ponte de Lima.
Ainda do editorial uma dúvida nos assalta. A dado ponto é referido o seguinte: "Que dizer do agente político que se diz defensor do Meio Ambiente e Ordenamento do Território e que quer ao mesmo tempo defender a construção de prédios na Reserva Ecológica e na Rede Natura?". A bem da elevação do discurso político, dos políticos e das instituições, seria bom que das insinuações o Sr. Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima passasse a referir os nomes dos visados para que, pelo menos, estes tenham direito à defesa e ao contraditório.
Por fim uma declaração.
Sr. Eng. Daniel Campelo:
Votei contra o PDM porque entendo não ser o ideal para Ponte de Lima. O ideal para um desenvolvimento harmonioso do concelho, capaz de potenciar Ponte de Lima para níveis de desenvolvimento consentâneos com as aspirações e capacidade dos limianos. A melhoria da qualidade de vida e das condições económicas dos limianos falhou e grande parte desse falhanço teve como protagonista V. Exa. Por isso deixei de acreditar na sua política e na sua estratégia de desenvolvimento para Ponte de Lima. Não era um PDM elaborado sob o comando de V. Exa. que tudo iria mudar. Por isso, não me revejo na perspectiva maniqueista de V. Exa. ao tentar colocar do lado dos "bons" aqueles que aprovaram o PDM, e do lado dos maus aqueles que votaram contra. Se o futuro for parecido com o passado, não seremos nem bons nem maus, mas simplesmente vítimas da sua política.