CONTRA A INDIFERENÇA
A notícia caiu seca: "A Associação Desportiva os Limianos suspendeu a sua actividade", manietada pelas elevadas dívidas que contraiu, que a impedem de inscrever jogadores e de receber quaisquer receitas. Foi uma morte anunciada, que surgiu na sequência de longos anos de incerteza e dificuldades diversas, que culminaram com a ascensão à liderança do clube de direcções irresponsáveis, desconhecedoras da história, do clube e do próprio fenómeno futebolístico. Surgiu num momento significativo na vida do clube mais representativo de sempre, na história de Ponte de Lima - no ano em que celebrava o seu cinquentenário. Surgiu no meio de uma indeferença generalizada, que doi e que deve fazer ponderar todos os limarenses sobre as qualidades actuais da sociedade e a sua capacidade de intervenção e oposição ao destino. "Os Limianos" entraram em coma profundo, mas ninguém se importou. Talvez esteja a morrer um "fardo" que Ponte de Lima carregava há alguns anos, um fardo que foi incómodo para muitos mas também significou glória para outros e para o concelho, pois foi um dos seus maiores expoentes, que catapultou o nome Ponte de Lima para a ribalta, através do desporto, o fenómeno mais mediático que ajudou a promover muitos barões. Mas nada disto valeu na hora de reconhecer e assinar o mais que provável óbito.
A dor da indiferença é enorme e incomoda. Ponte de Lima não é um concelho muito propenso a revoltas nem a reacções acaloradas e emotivas. É um concelho conformado, conservador que não aprecia mudanças radicais nem mesmo revoluções tranquilas. Prefere ver tudo na mesma, mesmo que esteja mal, do que mudar para evitar a incerteza. Prefere deixar morrer, ou presenciar uma angustiante agonia do que tentar uma cura salvadora, mas que pode também matar o paciente.
As grandes revoltas e mobilizações populares ocorridas num passado recente em Ponte de Lima tiveram como centro ou como grande municiador, o Presidente da Câmara Municipal: foi a questão do encerramento da unidade da Lacto Ibérica, que movimentou inúmeros limianos, com Daniel Campelo à Cabeça ( alguém se lembra?), as tradicionais visitas de Paulo Portas a Ponte de Lima, com grandes banhos de multidão (velhos tempos!), a campanha de angariação de fundos para apoiar as vítimas dos recentes incêndios na zona centro e no Algarve (com excelentes resultados).
Estes factos levam-nos a pensar que, se Daniel Campelo assim quisesse, seria possível mobilizar Ponte de Lima e a sociedade limiana para salvar "Os Limianos". Não era necessário injectar dinheiro da autarquia, bastaria a vontade e o envolvimento do seu Presidente. Mas nada disso aconteceu. A A. D. "Os Limianos" pouco interessa à autarquia - embora Vereadores seus já tenham sido dirrigentes e atletas do clube. Preferem ver morrer o maior embaixador do concelho a dar um passo para garantir a sua história.