quarta-feira, abril 25, 2007


O 25 de Abril foi o primeiro dia do resto da vida de Portugal

O Presidente da República Cavaco Silva inaugurou uma nova era das comemorações do 25 de Abril em Portugal, em 2006, durante o habitual discurso do Chefe de Estado na Sessão Solene da Assembleia da República: discurso, imagine-se tamanha heresia, sem cravo na lapela! E, para aumentar a indignação daqueles que "estiveram na rua" em 1974, não falou do passado, mas sim do futuro, dos desafios que se colocam a Portugal. Em 2007, voltou a decepcionar os "de Abril", falando dos jovens, falando dos problemas cada vez maiores e mais complexos que se colocam a Portugal, do futuro, embora alicerçado no presente e no legado dos que contribuiram para que Portugal seja hoje um país moderno. Muito se pode dizer sobre o actual estado do país, sobre os acertos e desacertos da governação mas, inegável, é o grande passo dado nos últimos trinta anos, apenas visíveis e palpáveis quando temos a oportunidade de assistir ao fantástico documentário de António Barreto que passa no Canal 1 de RTP. Este salto foi uma conquista de Abril, mas não é Abril que foi um meio para atingirmos um desígnio chamado Portugal. Porque o Portugal moderno não é de ninguém em especial, nem dos que usam cravo neste dia, nem daqueles que optam por outros adereços.
Abril, o espírito dos que avançaram sobre Lisboa na madrugada de 25 de Abril, ao som de "Grândola Vila Morena" continua vivo dentro de todos os que se sentiram imersos numa alegria sem fim, vitoriando o final de quase meio século de ditadura e retrocesso. É uma marca indelével na nossa história, que deve ser lembrada e ensinada nas nossas escolas. Mas Abril foi, e é a cada ano que passa, o primeiro passo para o futuro, o renovar de energias para tornar Portugal cada vez melhor, mais justo, mais solidário, mais confortável para os nossos filhos e acolhedor para todos os que nos visitam ou querem contribuir para o crescimento deste país à beira-mar plantado.
Não aprecio as celebrações do 25 de Abril a duas velocidades, a duas vozes: a daqueles que dizem que estiveram lá e olham com desconfiança para os "outros" e a daqueles que sendo "outros" estão pelo menos tão interessados como os que lá estiveram em construir um país melhor. Um país que renasceu com o 25 de Abril mas que já atingiu a maioridade e não necessita já dos progenitores para seguir o seu caminho.
Viva o 25 de Abril, Viva Portugal!

PS. Endereço daqui, neste dia, um grande abraço ao Manuel Pires Trigo do Trigalfa, porque subscrevo na íntegra a sua crónica de hoje.