A proposta apresentada por Abel Baptista na Assembleia Municipal de Ponte de Lima de 29 de Fevereiro, refere a dado ponto que os novos espaços comerciais instalados no concelho “vieram concorrer com o comércio tradicional de uma forma que é, necessária e objectivamente, desigual”. A proposta de elaboração de um plano estratégico de desenvolvimento económico e social do Município de Ponte de Lima surge com o objectivo de “relançar a economia concelhia, nomeadamente as actividades tradicionais (agricultura, pecuária, silvicultura, indústria, artesanato, comércio e serviços) contribuindo assim para a manutenção e criação de emprego”.
Já a CDU, em proposta também apresentada na mesma sessão da Assembleia limiana, pretende a constituição de uma Sociedade de Reabilitação Urbana, para combater a “desertificação e degradação habitacional” do Centro Histórico, com reflexos negativos no comércio tradicional, que “está a passar por uma situação cada vez mais aflitiva” devido também à “proliferação de grandes superfícies e devido ao deslocamento de muitos serviços públicos e outros do Centro Histórico para outras zonas da vila”.
A Assembleia de Freguesia de Ponte de Lima, em 2006, ouviu comerciantes e responsáveis associativos antes de concluir que o comércio estava em crise, que as razões eram múltiplas e que era necessário e urgente pensar e implementar medidas para minimizar os efeitos nefastos da crise, que poderá ter consequências muito negativas num dos sectores mais importantes da economia local. As conclusões do trabalho realizado foram entregues e discutidas com a Associação Empresarial, a Câmara Municipal, o Governo Civil e a Assembleia Municipal, com uma acalorada discussão na sessão de Junho de 2007. No entanto, o assunto foi desvalorizado e o trabalho da Assembleia de Freguesia colocado em causa.
Hoje, passados dois anos, os sinais de crise são mais evidentes, como evidente é a necessidade de arrepiar caminho para evitar o descalabro económico de muitas famílias. A percepção do problema é outra e a justiça, embora tarde, acabou por ser feita ao trabalho da Assembleia de Freguesia de Ponte de Lima.
Agora o futuro. Se o futuro de Ponte de Lima não passa pela indústria, se o comércio tem a abater-se sobre si nuvens negras, se o turismo tarde em afirmar-se como uma importante área de negócios a nível local, se a aposta na marca “Ponte de Lima” ainda não é uma realidade, o que fazer?
A resposta a esta questão está nas mãos do líder do Município de Ponte de Lima. A Assembleia Municipal aprovou as propostas de Abel Baptista e da CDU. Agora cabe a Daniel Campelo ignorá-las ou olhar de frente para um problema que, por ser demasiado sério, exige coragem e um grande empenho da parte dos responsáveis políticos e associativos locais.