A economia e o futuro de Ponte de Lima (I)
Sobre Ponte de Lima, Álvaro Campelo, antropólogo, coordenador do projecto “Ponte de Lima Terra Rica da Humanidade” referiu que “o futuro da vila e do concelho não é a indústria, embora esta tenha o seu espaço, mas o aproveitamento dos recursos da terra”, adiantando mais à frente que passará pela “afirmação da marca de qualidade Ponte de Lima, onde a preservação da valores é preocupação primeira”.
Um estudo de sistematização de dados, realizado pela Rede Europeia Anti-pobreza (Núcleo de Viana do Castelo), as conclusões não são animadoras: o distrito de Viana do Castelo continua na cauda dos distritos do país quanto à sua capacidade de gerar riqueza e bem-estar. O índice do poder de compra dos concelhos do litoral está próximo da média nacional (67,1%) com Viana do Castelo e Caminha a ultrapassarem esses números. Os restantes, entre os quais se encontra Ponte de Lima, apresentam médias abaixo dos 60%. As razões invocadas para esta realidade são numerosas: falta de cultura empresarial, pouco investimento em inovação e tecnologia e, como consequência, pouca produtividade. Por outro lado, a deficiente qualificação das populações, níveis de analfabetismo ainda marcantes, o envelhecimento da população. Entre os dois últimos censos apenas Viana do Castelo e Ponte de Lima cresceram em termos populacionais, sendo que este último regista a mais alta taxa de natalidade. Também esta organização entende que o turismo é uma das maiores potencialidades, mas advoga a promoção do desenvolvimento industrial e o aproveitamento das energias renováveis.
A revista “Tabu” de 2 de Fevereiro, num artigo de Luís Miranda intitulado “A Lei do mais forte” constata que “o comércio tradicional está em agonia”, calculando-se que “100 mil empregos vão desaparecer nos próximos tempos”. Por outro lado “Portugal é um dos países da Europa com maior oferta comercial apesar do fraco poder de compra”. José António Silva, da Confederação do Comércio de Portugal referiu que “nos últimos 12 anos o comércio tradicional perdeu mais de 70% da quota de mercado”, enquanto que, do outro lado da barricada, Luís Vieira e Silva, da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição concluiu que o problema é a crónica falta de capacidade de resposta do comércio tradicional à evolução económico-social verificada. Um comerciante, Manuel Sousa Lopes da Associação de Dinamização da Baixa Pombalina elege a “aposta na distinção, no tradicional e no antigo” como vias para ultrapassar a crise, mas lembrou que “é o comércio tradicional que mantém o centro das cidades vivo e quente”.