O diálogo depois de prepotência!
Conheço José Luis Serra, autarca de Valença. É, acima de tudo, um Homem sério.
Na questão do serviço de urgência foi ultrapassado, maltratado e, talvez, atraiçoado. Ultrapassado porque tudo indicava que o serviço ficaria instalado na sede do seu concelho (O primeiro estudo assim o dizia), o que o levou a não intervir no período em que o documento esteve em inquérito público. Aqui, a intervenção do autarca de Monção, José Emílio Moreira, mostrou-se decisiva e reverteu a tendência inicial, para que o serviço de urgência ficasse em Monção.
José Luis Serra foi maltratado. Em primeiro lugar porque não teve direito a defesa, como aconteceu com o colega de Monção. Para Valença não há inquérito público, mas sim facto consumado. Em segundo lugar porque não se ouviu uma única palavra de apoio ou compreensão - a decisão foi duríssima para o concelho - por parte dos seus camaradas de partido.
Ficou sozinho, agiu com determinação e, como das suas palavras não adveio qualquer reacção do Ministro, passou aos actos: demitiu-se dos cargos políticos que ocupava e foi para a rua.
Por muito que tal custe, é uma atitude legítima, corajosa e em defesa do seu concelho.
Já aqui escrevi que não me parece correcto que uma das maiores fronteiras do país tenha o serviço de urgência a 30 minutos de distância (Monção e Ponte de Lima). É muito e não configura uma boa imagem para o País. Por isso discordo que o novo mapa das urgências esteja fundado num número rígido de pontos, que apenas podem movimentar-se de localidade em localidade, mas sem serem aumentados. É, por muito que se queira fugir à palavra, uma remodelação de cariz economicista que coloca os cuidados básicos de saúde cada vez mais longe do cidadão!
O mesmo aconteceu hoje com os Arcos de Valdevez. A saúde é um bem inestimável e a segurança das pessoas tem uma relação directa com a disponibilidade de profissionais para os servir, tanto áo nível do horário como da proximidade. É este o fundamento das razões que motivaram uma grande manisfestação nos Arcos e o início de uma greve de fome do lidero da concelhia do PP (pegou mesmo naquele partido!).
Perante tanta contestação, o Ministro, à pressa e forçado por José Sócrates, passou da prepotência, obscurantismo e falta de informação ao diálogo e à assinatura de protocolos, que asseguram contrapartidas aos municípios onde são encerradas urgências.
Agora, toda a gente entendeu que o protesto pode trazer frutos e que questões como o encerramento dos SAP nos centros de saúde, podem ser determinantes em toda esta problemática.