domingo, março 25, 2007

Reflexão de fim-de-semana
Os perigos do maniqueísmo


O maniqueísmo é uma corrente filosófica de cariz religioso que, fundamentalmente, dividia o mundo entre o bem e o mal, associados a Deus e ao Diabo, respectivamente. Entre os dez mandamentos desta corrente, dois sobressaíam: Não adorar nenhum ìdolo; Purificar o que sai da boca: Não jurar, não mentir, não levantar falso testemunho ou caluniar.
O maniqueísmo é considerado uma forma simplista de pensar
, sendo que a simplificação é uma forma primária do pensamento que reduz os fenómenos humanos a uma relação de causa e efeito, certo e errado, isto ou aquilo, é ou não é. A simplificação é entendida também como forma deficiente de pensar, nasce da intolerância ou desconhecimento em relação a verdade do outro e da pressa de entender e reagir ao que lhe apresenta como complexo.
Foi socorrendo-se do mais puro estilo maniqueísta que Daniel Campelo sempre organizou e articulou o seu discurso em Ponte de Lima: os bons são aqueles que o compreendem e que oseguem, maus são os que não comungam das suasideias e o atacam. Apelidou muitas vezes estes últimos de "inimigos de Ponte de Lima".
Outros protagonistas da cena política local também, a espaços, procuraram centrar a disputa político-partidária no confronto entre o bem e o mal, assumindo-se como donos da verdade, reagindo intempestivamente e intemporalmente a tudo o que da sua voz douta e avisada discordava.
Não estamos em tempos de dar cobertura a maniqueísmos primários e arcaicos, baseados na superficialidade do discurso, no insulto fácil, na tentativa de condicionar a expressão da diversidade de opinião, na mesquinhez das conversas de café e na vontade de agradar aos colegas de esplanada.
Estamos numa época em que é fundamental olhar em frente e dar os necessários passos para centrar qualquer discussão no confronto de ideias e opiniões, capazes de fazer mover a grande roda do desenvolvimento, não excluíndo ninguém, integrando, ouvindo e respeitando as opiniões de TODOS.
É o que tem faltado em Ponte de Lima: pluralidade, diversidade de protagonistas, de formas de ver e pensar, de pessoas que consigam agir em nome do concelho, sem preocupação de ferir sensibilidades ou amizades de conveniência. Em suma, tem faltado democracia.