Os partidos e as "facções"
Um comentador da nossa praça apontou asa "facções" de um partido político como uma das razões da sua derrota.
Confesso que não gosto da palavra "facções", nem facciosismo que nos obrigam a pensar em pessoas que só admitem uma forma de pensar e ver o mundo, abominando a perspectiva dos outros e a sua argumentação. Acredito em formas diferentes de pensar, em vias diversas para a solução dos problemas, em pessoas que, sendo diferentes, têm o direito de propor formas diferentes de intervenção. Muitas vezes são confundidos, ardilosamente, com facções mas, nestes casos, o facciosismo é personificado por aqueles que não admitem que não se pense ou se aja de uma forma diferente.
Não conheço nenhum partido de pensamento único em Portugal, mesmo que muitos pensem que essa seria uma boa solução para os seus problemas. E não gostaria que viessem a ser reintroduzidos no espectro político nacional. Ainda acredito nos partidos como suporte básico da democracia. O grande problema dos partidos são, muitas vezes, os seus dirigentes, sobretudo aqueles que utilizam os partidos como instrumentos de poder. Um partido deve ter um espaço interno de liberdade, e constituir-se como uma via para a intervenção social que personifique a opinião maioritária dos seus militantes, mas também a via para a resolução dos problemas da comunidade. A opinião dos militantes de um partido pode não coincidir com os interesses de uma comunidade e, nesse caso, o partido não está a cumprir a sua missão, os seus dirigentes não estão a ser competentes.
Em Ponte de Lima os partidos têm no seu seio pessoas que pensam de forma diversa. E ainda bem. Mas não conheço nenhum que, no último acto eleitoral, tenha visto militantes seus terem uma atitude de hostilidade ou desafio para com eles. Quem perdeu, perdeu por culpa própria ou por "culpa" dos seus adversários, que foram melhores. Nestas eleições, se existiram golos na própria baliza, foram marcados pelos jogadores que estavam em campo e não por aqueles que assistiam ao jogo do banco de suplentes.