O Minho é tão longe...
Quando em contacto com um gabinete público, invariavelmente situado na macrocéfala e intelectualmente inatacável Lisboa, solicitei uma visita ao distrito de Viana do Castelo para verificação "in loco" de um problema que carecia de resolução mas que, sistematicamente, era esquecido. A resposta não foi surpreendente: - não é possível, Viana do Castelo é muito longe, teríamos que perder, pelo menos, um dia, para nos deslocarmos".
A resposta foi tudo menos inesperada, não dei qualquer importância ao "perder" referido, porque o léxico e a forma de pensar de Lisboa não é propriamente como a nossa, mas ilustra o que, no dia a dia, pensam os políticos decisores da "longínqua província": é sempre colacada em segundo plano, nunca é prioritária, raramente prende as suas atenções.
A "província" foi, mais uma vez esquecida e colocada em segundo plano, na reavaliação do processo TGV. A linha outrora prioritária: Porto-Vigo, passou a dispensável (pela via do adiamento "sine die"). E, como mandam as boas maneiras do centralista, aposta-se na ligação Lisboa-Madrid e Lisboa Porto.
Isto não significa que o TGV trouxesse grandes vantagens para Ponte de Lima (mais obras, mais corredores, mais cortes de caminhos e estradas, mais divisões de freguesias...), mas que vem na sequência de outras medidas altamente penalizadoras para o Norte e para o Alto Minho, disso não tenhamos qualquer dúvida.
Venha depressa a regionalização, pelo menos, nesse caso, os centralistas estariam mais próximos de nós e conseguiriam deslocar-se até a este longínquo lugar sem necessidade de "perder um dia".