O Fenómeno Campelo!
Goste-se, ou não, Daniel Campelo é um fenómeno político à escala local e à escala nacional. A sua coerência, habilidade política, capacidade de gestão e oportunidade, fizeram dele um autêntico fenómeno, capaz de permanecer no poder 4 mandatos seguidos e com capacidade para se renovar em cada acto eleitoral, conseguindo resultados muito significativos. Para este anunciado último mandato, parte com uma renovada e ampliada maioria, que deixou a oposição reduzida à sua insignificância, talvez a dimensão do trabalho produzido nestes últimos quatro anos. A força de Daniel Campelo, da sua imagem e do seu populista discurso vão muito além da força do seu partido e é capaz mesmo de fazer esquecer a sua lista, onde as figuras são muito menos consensuais e incapazes de brilhar ao nível do líder, tanto no trabalho como, sobretudo, na popularidade. A juntar a todos estes factores, Daniel Campelo é uma figura de proa do CDS/PP, o seu único presidente de câmara.
Do outro lado, temos os grandes derrotados: o PSD que caminha aceleradamente para o abismo, depois de onze anos de liderança da linha de Manuel Trigueiro, o último grande sacrificado daquela linhagem. Um eleitorado envelhecido, reduzido ao que vota PSD, independentemente de quem o partido apresenta como candidato, uma força política incapaz de falar para os limianos, de apresentar propostas, ideias e pessoas credíveis para o futuro, e que tem sido, sistematicamente, confundida com o poder instalado, numa atitude suicida, completamente incompreensivel e que teve o seu auge na mórbida espectativa de uma aliança pré-eleitoral com o CDS/PP, mantida e alimentada há cerca de um ano atrás. A par do PSD surge a CDU, que não conseguiu a dinâmica, a agressividade no discurso e a penetração de António Carlos Matos, alcançando um resultado que ficou muito aquém do de 2001.
Por fim o PS e Montenegro Fiúza. Foi o grande alvo de Daniel Campelo, e percebe-se porquê. Trouxe um novo estilo e uma voz forte à oposição em Ponte de Lima. Apesar do pouco tempo de que dispôs para preparar as eleições, apesar de ser um desconhecido no concelho, foi convincente para o eleitorado, que viu nele o porta-voz do seu descontentamento. Consolidou o Vereador socialista, reconquistado por Agostinho Freitas em 2001 e reforçou o seu eleitorado em quase mil votos. É muito, e trata-se de um sinal que não deve ser menosprezado em Ponte de Lima. Expectativa, portanto, relativamente à postura e desempenho na oposição nos próximos quatro anos.