sábado, fevereiro 07, 2009

António Feijó (1859-1917)

António Joaquim de Castro Feijó, poeta e diplomata português, nasceu em Ponte de Lima a 1 de Junho de 1859 e faleceu em Estocolmo a 20 de Junho de 1917.
Formou-se em Direito pela Universidade de Coimbra, onde teve por companheiros Luís de Magalhães, Manuel da Silva Gaio e Luís de Castro Osório, com quem fundou a Revista Científica e Literária. Desde os finais de 1870 até ao início da década de 1890 colaborou em vários periódicos, nomeadamente na Revista Literária do Porto, Novidades, Revista de Coimbra, A Ilustração Portuguesa, Museu Ilustrado, O Instituto e Arte (revista internacional fundada por Eugénio de Castro e Manuel da Silva Gaio). Em 1881 publicou o seu primeiro volume de poesias Sarcerdos Magnus e, no ano seguinte, Transfigurações, obras marcadas pela temática filosófica e pelo tom épico, que revelam um pessimismo e uma acusação nítida das imperfeições morais e sociais que o rodeiam. Seguiram-se Líricas e Bucólicas (1884) e À Janela do Ocidente (1885), reveladoras de um lirismo mais refinado. Após um breve período em que exerceu a advocacia ingressou, em 1886, na carreira diplomática, sendo primeiro cônsul no Brasil e a partir de 1891, em Estocolmo onde foi promovido a ministro plenipotenciário em 1901. Aí viria a casar-se com uma jovem sueca, Mercedes Lewin, cuja morte prematura o viria a influenciar numa temática mais fúnebre, patente na sua obra (por exemplo, no soneto Pálida e Loira). No Cancioneiro Chinês (1890), colecção de poesias chinesas adaptadas a partir da versão francesa de Judith Gautier, revelou o gosto pelo exotismo orientalista. Em Bailatas (1907), livro publicado sob o pseudónimo de Inácio de Abreu e Lima, parece ter a intenção de parodiar o Decadentismo, mas a verdade é que muitas dessas poesias atingem consonância com a própria sensibilidade simbolista. Os seus últimos volumes, particularmente a colectânea póstuma Sol de Inverno (1922), espelham o lirismo sóbrio, o simbolismo depurado, os motivos melancólicos, outonais, os temas da saudade e da morte, que são algumas das características da sua obra.
Os temas da sua poesia estão frequentemente ligados a um certo desencanto, a um sentimento de decadência e mágoa (também devido ao afastamento de Portugal), e ainda de pessimismo. Ao tema recorrente da morte associa um ideal de beleza fria e mórbida. O seu estilo contido e requintado, reflectindo, apesar da sua temática obsessiva, um distanciamento aristocrático, coloca-o num lugar singular da poesia portuguesa do seu tempo.