O não referendo de Viana do Castelo
Depois de constituída a nova comunidade intermunicipal que agrupa quase todos os municípios do distrito de Viana do Castelo, a troca de "galhardetes" entre o novo presidente, Rui Solheiro, e o líder do Município capital de distrito, Defensor Moura, não tem parado.
Da lamentável troca de argumentos e acusações pessoais, ficou evidente que Defensor Moura fica de fora por razões políticas, exactamente as razões que o separam de Rui Solheiro enquanto Presidente da Federação Distrital do Partido Socialista. Esta é, portanto, uma questão do foro interno do partido, facto que ficou bem evidente no Congresso realizado em Ponte de Lima este mês.
O que podem agora dizer os altominhotos desta lamentável questão? Por exemplo, poderão questionar porque é que motivos de natureza interna, apenas da responsabilidade do Partido Socialista, podem arrastar todo um concelho, uma capital de distrito, para o isolamento, para o "orgulhosamente sós", para o perigo de alguns milhões de euros deixarem de ser investidos no seu território. Não pode ser, como não se pode entender que o umbigo de Defensor Moura seja maior do que os interesses do seu concelho, fugindo à afirmação de Viana pela via democrática, preferindo a fachada de um referendo que nada vai decidir, a não ser o aprofundamento das clivagens entre o Presidente do Município e, por arrastamento, dos vianenses, e o resto do distrito. Os custos desta decisão serão enormes, dificilmente quantificáveis e quase impossíveis de pagar nos tempos mais próximos.
O referendo vai dizer NÃO à adesão de Viana do Castelo, vai ter poucos votantes, menos do que os 50% necessários, vai mobilizar apenas os que se deixarem cacicar pela máquina autárquica do Partido Socialista vianense. Este vai ser um NÃO que soará a falso e que em nada contribuirá para um melhor futuro para este pobre distrito que, continuando à beira mar plantado, sofre as mesmas penas daqueles que estão a centenas de quilómetros dele.