Amândio Pereira (CDS/PP): “Este trabalho peca por só ter ouvido os comerciantes (pois há os que vivem bem) e também por não ter contemplado os consumidores”; “Eles foram a tempo e horas favorecidos para se modernizarem e formarem uma central de compras”; “Estas conclusões mais parecem uma proposta eleitoral do que a defesa dos comerciantes”.
Ora, o que está em debate são os problemas do comércio e dos comerciantes. Ouvir os consumidores seria descontextualizar a questão, porque a dicotomia existiria sempre. Veja-se a posição claramente de consumidor do Sr. Amândio Pereira: o problema é dos comerciantes, queixam-se mas vivem bem, eles que resolvam o problema… Se os comerciantes fossem ouvidos sobre a instalação das médias e grandes superfícies, julgo que se oporiam, mas não foram e elas foram instaladas; se fossem ouvidos sobre a saída de serviços do centro histórico, com toda a certeza se oporiam, mas ninguém os questionou; se fossem ouvidos sobre o encerramento de ruas ou a retirada de espaços de estacionamento, ou mesmo a construção de grandes parques na periferia da vila, estou seguro que prefeririam estacionamento de proximidade e melhores acessibilidades aos seus espaços, mas não foram ouvidos.
Uma outra questão que é importante desmistificar e que, recorrentemente, é apontada como a solução de todos os problemas é a da “central de compras”, que não era mais do que uma média superfície de iniciativa local e não de uma multinacional. Como será fácil compreender essa média superfície poderia resolver o problema de uma minoria continuando a maioria tal como agora se encontra. No mercado actual, provavelmente já teria sido absorvida por um grande da distribuição. Acreditar que a “Central de Compras” resolveria os problemas dos 400 comerciantes da sede ou dos seiscentos de todo o concelho é o mesmo que acreditar no Pai Natal! No entanto ainda continua a ser um pseudo-argumento recorrentemente utilizado por aqueles que preferem olhar para o lado...
Minimizar os efeitos da crise e dos problemas do comércio não é fácil. Exigiria toda uma política, uma linha de pensamento, toda uma uma orientação estratégica. É essa a virtualidade das políticas integradas pois, quando é implementada uma medida para o desporto, são ponderadas todas as virtudes e inconvenientes para a globalidade das áreas de intervenção do poder. Esta sensibilidade tem faltado no município de Ponte de Lima e muitas medidas implementadas que, aparentemente, nada tinham a ver com o comércio, afectaram-no profundamente. Pense-se, por exemplo, nas consequências da deslocalização dos Serviços de Finanças das instalações actuais para a proximidade do Hospital. Serão tremendas para os espaços comerciais das suas imediações e para o Centro Comercial Rio Lima. E quem é o promotor imobiliário que pretende ver as Finanças num edifício seu: O Município de Ponte de Lima!
Daí a necessidade de um "programa de governo" para minimizar a crise com que se debate o comércio local, Sr. Amândio Pereira!
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Será este o nosso modelo?