quinta-feira, julho 26, 2007



Será este o nosso Modelo?

Não se pode menosprezar a importância para o meio de uma nova grande superfície que hoje abre em Ponte de Lima: mais variedade, mais uma opção para os consumidores, aumento da concorrência, mais de 120 postos de trabalho, sete milhões de euros de investimento, uma filosofia de cooperação com a comunidade (ver aqui), uma forte campanha publicitária (ver spot aqui), sobretudo na televisão mas também na rádio, imprensa e exterior num investimento de um milhão de euros, que ajuda a promover a vila e o concelho, são argumentos importantes para colocar no prato da balança, na hora de avaliar benefícios e prejuízos.
No entanto, gostaríamos de lembrar que esta é a quarta superfície comercial instalada em Ponte de Lima nos últimos anos, que se situa em plena zona urbana, perto de grandes espaços habitacionais, que não deve ser a última, a julgar pelas notícias que têm vindo a público ultimamente, além do hipermercado possui também uma loja de pronto-a-vestir e uma de electrodomésticos com 500 metros quadrados cada, abre num momento de crise para o comércio tradicional, questão fortemente debatida no meio local.
O comércio tradicional é ainda uma das traves mestas da economia limiana. Definha e não parece haver nem um gesto do poder local relativamente a esta situação. Fingiu que o problema não existia na última Assembleia Municipal, deu um não rotundo a uma proposta do Vereador do Partido Socialista, relativamente à possibilidade da loja do cidadão a instalar em Ponte de Lima, viesse a ficar instalada no centro histórico (zona deprimida, deserta e sem dinâmica alguma nestes momentos). Por outro lado, hoje em dia apoia incondicionalmente a instalação de médias e grandes superfícies no concelho, assina protocolos com as mesmas, empresta a sua imagem para as suas campanhas a troco de alguns centavos. É uma atitude inconcebível para quem tem de defender, em primeiro lugar, os interesses do concelho.
Por isso nos parece que este não é o modelo de desenvolvimento que servirá Ponte de Lima. Com esta estratégia continuaremos a ter salários baixos, desemprego, falta de oportunidades para os jovens, comerciantes que serão obrigados a fechar as suas portas e um dos pilares da economia do concelho a desaparecer. Este é mais um triste dia para Ponte de Lima.
Ficou provado que os grandes empresários vêm mas, mais tarde ou mais cedo, também saem. Os únicos que se mantiveram sempre na sua terra e que a ajudaram a progredir foram os empresários locais, aqueles a quem agora é negado apoio e atenção.

PS. Apesar da festa que atravessa o spot publicitário do Modelo de Ponte de Lima, foi com tristeza que vimos um comerciante local como seu personagem principal.