domingo, julho 15, 2007

A Assembleia Municipal de Ponte de Lima e o comércio limiano (1)

Foi debatido na Assembleia Municipal de Ponte de Lima, realizada no dia 30 de Junho, um documento elaborado no seio da Assembleia de Fregusia de Ponte de Lima sobre o comércio limiano, cuja versão integral pode ser aqui consultada.
Para a elaboração do trabalho, foram ouvidos mais de vinte comerciantes, presidente da Associação Empresarial, um Técnico Oficial de Contas, a quem foi pedida uma análise da evolução da sua situação nos últimos anos, um ponto da situação actual e as perspectivas para o futuro, com apresentação de sugestões. Ao contrário do que se pode supor, a amostra é representativa dos comerciantes da zona urbana, envolvendo 5% do total (cerca de 400). Por outro lado, a sua selecção foi efectuada de acordo com critérios objectivos e lógicos: diferentes ramos comerciais, diferente localização, diferentes contextos (centro histórico, outras zonas, centro comercial, mercado municipal), comerciantes com presença de muitos anos no ramo e jovens comerciantes instalados há menos de dez anos.
Quem procurou colocar em causa a credibilidade do trabalho realizado, sem procurar ler, entender e reflectir sobre as suas conclusões, prestou um mau serviço a Ponte de Lima e deu provas de uma total falta de interesse nos problemas locais, subalternizando-os relativamenteb aos interesses tácticos ou partidários. Os problemas da economia local, como os da economia nacional ou internacional, não têm partido ou ideologia porque afectam directamente muitas centenas, milhares ou até milhões de pessoas.
Só por manifesta incapacidade ou irresponsabilidade se procuram erros no processo para não olhar para o produto. É pena.
As conclusões conduzem-nos para uma situação de grande depressão no comércio local, com especial incidência no Centro Histórico, estando as razões desta situação divididas entre a crise económica que atravessa o país, os efeitos da globalização económica, as políticas nacionais e locais, o individualismo da classe comerciante, o envelhecimento dos empresários, entre outras.
Muitas foram as intervenções, numa acalorada discussão que se situou entre aqueles que, reconhecendo o problema, entendiam que deveria haver uma intervenção do poder político local e os que entendiam que a situação era da exclusiva responsabilidade dos comerciantes e que só a eles caberia encontrar soluções para o problema.
Uma moção que visava criar um grupo de trabalho que procurasse aferir, numa perspectiva concelhia, os problemas do comércio, foi recusada pelo Presidente da Mesa.
Numa primeira análise, ficou bem claro que este é um problema real que afecta a sede do concelho. Em nenhum momento foi apresentado qualquer argumento ou qualquer facto que demonstrasse o contrário. Mas, infelizmente, ficou também claro que este é um assunto muito incómodo sobre o qual muitos responsáveis preferem não se pronunciar, assobiando para o lado. De facto, este é um problemas dos outros (leia-se comerciantes)...