O poder é efémero. Em Ponte de Lima, não! (II)
A nossa primeira abordagem a esta questão foi pela via da oposição, um dos grandes responsáveis pela "eternização" dos populares no poder.
Seria, no entanto, leviano se circunscrevesse as pretensas causas de uma tão longa permanência no poder do CDS/PP em Ponte de Lima, ao trabalho da oposição. Julgo, no entanto, ser esta a primeira e principal razão já que, no seu quarto mandato como Presidente da autarquia, Daniel Campelo ainda não denota qualquer desgaste porque, pura e simplesmente, nunca foi desgastado, confrontado com os seus erros e más opções, com as suas contradições e incumprimentos.
A segunda grande razão que invoco tem a ver com o trabalho realizado pelo PP, e antes pelo CDS, no município e que teve e tem características especiais.
Num concelho estruturalmente conservador, nada melhor do que uma gestão conservadora para assegurar a manutenção do poder. Senão vejamos:
1. Raramente são lançados projectos estruturantes e fracturantes no concelho. A opção vai invariavelmente para a recuperação do existente;
2. Todos os assuntos que levantam alguma polémica são imediatamente abandonados, como se o importante fosse o consenso em detrimento da responsabilidade de governar, cumprir o programa eleitoral e servir a população;
3. O pretenso respeito pela tradição mais não é do que a manutenção dos direitos (adquiridos ou não) de uma minoria do concelho;
4. As listas do CDS/PP integram, invariavelmente, pessoas afectas ou conotadas com outros partidos políticos, procurando desta forma dar uma - falsa - imagem de abrangência e abertura.
5. O bloqueio das instituições locais, sobretudo as que são dirigidas por pessoas de outros quadrantes políticos ou que têm diferendo com o município faz o resto.
6. A conclusão é óbvia, mais vale estar ao lado do poder instituido do que contra, porque compensa!
7. O equilíbrio das contas municipais, a habilidade na conquista e negociação de financiamentos e a milagrosa gestão de conflitos, dentro dos diversos executivos que têm passado pela Câmara Municipal, fizeram o resto.
Cá voltaremos, desta feita com os sucessos e "flops" da gestão municipal limiana.