sexta-feira, junho 02, 2006

AS LIÇÕES DO HOSPITAL

Ponte de Lima está a viver um momento singular no campo político partidário. Por duas razões: em primeiro lugar está a assistir-se a uma invulgar convergência de opiniões e princípios, entre todas as forças partidárias com assento na Assembleia Municipal, em prol da manutenção da urgência no hospital de Ponte de Lima e da revalorização daquela estrutura, assim como a reflexão e proposta de medidas para toda a área da saúde no concelho; em segundo lugar, depois de muitos e muitos anos de parcimonioso arrastamento, a Assembleia Municipal afirmou-se não apenas como um espaço de debate e recomendação, mas como um fórum pro-activo, capaz de reflectir, inquietar e fazer agir para evitar prejuízos para o concelho e, neste caso, todo o distrito.
Aqui o mérito está nas forças partidárias que entenderam a necessidade de se unirem para lutar pelo bem comum, que entenderam que antes dos interesses político-partidários e dos interesses das direcções nacionais dos partidos, está o interesse da sua terra e daqueles que os elegeram para os cargos que agora ocupam; mas o mérito é também do Presidente da Mesa da Assembleia Municipal, Abel Baptista, que soube congregar esforços e unir as pontas para establecer uma plataforma de reflexão e reivindicação capaz de chegar a todas as instâncias. Não tenho dúvidas que a Assembleia Municipal obrigou a Câmara e o seu Presidente a agir prontamente, para que fosse possível vislumbrar uma solução, embora a acção deste se pautasse por uma anormal diplomacia que, o tempo o dirá, não sei se será suficiente para atingir os objectivos propostos. Neste campo particular, a Assembleia Municipal, mesmo com a presença e participação activa do partido que suporta o Governo, foi mais acutilante e radical do que o Presidente da Câmara. O que não é normal, registe-se!
Agora espero que a solução proposta resulte. Entendo que qualquer solução que permita a continuidade da urgência em Ponte de Lima e que abra perspectivas de valorização do hospital é uma boa solução. A proposta do Presidente da Câmara de Ponte de Lima, embora onerosa para todos os limianos, é engenhosa e coloca o Ministério da Saúde entre a espada e a parede, por ter publicamente afirmado que a razão que estava na base da proposta de encerramento das urgências era a manifesta (e visível) falta de condições daquele espaço. Espero agora as cenas dos próximos capítulos.
Uma referência mais do que merecida. O homem que na última década mais lutou pela valorização do Hospital de Ponte de Lima, mais investimentos para aquela estrutura conseguiu, melhores condições de funcionamento lhe deu, foi o Eng. João Barreto. Nada melhor do que o tempo e o distanciamento para lhe fazer justiça. E a diferença com quem o antecedeu e com quem o sucedeu é gritante. Tristemente gritante!
Resta agora esperar pela resolução dos problemas físicos da urgência, por um novo élan destes serviços e dos serviços prestados no hospital limiano, pela união dos limianos - e de todos os altominhotos em torno desta questão essencial para a saúde da região, pela continuidade da atenção e capacidade interventiva da comissão da A.M., pelo apoio de todos os órgãos políticos concelhios (designadamente as Assembleias de Freguesia pois as Juntas estavam representadas na A.M.), que devem manifestar formalmente esse apoio e unir-se em torno da moção aprovada na Assembleia Municipal do dia 29 de Maio.