quarta-feira, maio 14, 2008

Os jovens, a política e o fórum


A sociedade portuguesa ficou chocada quando os jovens portugueses revelaram uma grande ignorância sobre o que foi e o que significou para Portugal o 25 de Abril. Essa mesma preocupação foi expressa pelo Presidente da República no discurso proferido durante a sessão solene realizada no Parlamento, chamando a atenção para o elevado desinteresse dos jovens pela política. Nessa mesma ocasião, e baseando-se num estudo elaborado pela Universidade Católica, Cavaco Silva apontou falhas graves no conhecimento de aspectos da vida pública, por parte dos jovens portugueses. Já o "Diário de Notícias" de 4 de Maio, chamava para manchete um estudo sobre a qualidade das democracias europeias, no qual Portugal ocupa um modestíssimo lugar, pautando-se como uma das "piores democracias da europa", sobretudo no que diz respeito à participação dos cidadãos.
O desafio que os portugueses têm pela frente é enorme: como aumentar o nível de participação dos portugueses na actividade política, quando são as camadas mais jovens que estão nos antípodas daquela que seria a situação ideal?
Como referiu António José Seguro, no "Expresso" de 3 de Maio, "a política tal como a conhecemos entrou em declínio e tem os dias contados", apontando para os novos tempos a emergência de uma nova política "alicerçada em valores e causas", que têm que transportar consigo "níveis elevados de exigências éticas no exercício de cargos políticos" pois "a dignificação da política é crucial para o reforço da relação de confiança entre eleitos e eleitores e, por essa via, para o aumento dos níveis de envolvimento dos jovens na política".
A ideia, tardia, de constituição de um "Fórum de Juventude" em Ponte de Lima é meritória e corajosa. Ouvir os jovens e envolvê-los na discussão e desenho das políticas que lhes dizem respeito é um acto de coragem e abertura política, raras nas autarquias locais.
A primeira sessão do Fórum, que teve lugar no dia 3 de Maio veio, no entanto, frustar as melhores expectativas. Os elementos do fórum ficaram diluidos numa vasta assembleia, maioritariamente constituída por crianças, adolescentes e adultos, pouco motivados para as temáticas em apreço, debitadas por adultos "conhecedores" que acabaram por monopolizar praticamente todo o tempo disponível. Este fórum não foi para promover a reflexão sobre qualquer temática. Foi um momento de exposição pública de uma política municipal de juventude paternalista, dos adultos que servem os jovens, ensinando-os e ajudando-os a seguir os "bons caminhos", infelizmente, aqueles que os maiores pensam que serão os ideais para os "pequenos". Como paternalista e controleira é a peregrina ideia de requerer aos membros do fórum que as intervenções tenham que ser enviadas ao Vereador com a devida antecedência. O resultado ficou bem à vista: apenas uma intervenção foi apresentada e de carácter específico, apresentada pelo Clube Náutico de Ponte de Lima.
Espero que não tenha sido o fim do "Fórum da Juventude", já que a ideia que ficou desta primeira sessão, é que existe um profundo arrependimento relativamente à sua constituição.

O objectivo foi conseguido. Cada vez mais jovens estarão alheados e distantes da política...