Reflexões sobre os incêndios (II)
- As lições da Galiza e de Portugal (I)
A Galiza, que muitas vezes serviu de modelo na prevenção e combate a incêndios para nós portugueses - eu próprio o fiz - confrontou-se nos últimos dias com uma terrível vaga de incêndios. Impelidos a lutar em várias frentes, não evitaram o colapso, uma imagem de desorganização e descoordenação, e tiveram que recorrer à ajuda de outras comunidades autonómicas e ao estrangeiro. Várias reflexões podem ser efectuadas sobre esta realidade:
a) Quando há uma extraordinária conjugação de factores climáticos, organizativos e de ordenamento do território é muito difícil contrariar as chamas e a força da natureza.
b) A Galiza tinha um exemplar dispositico público de combate a incêndios florestais, disperso pelo território. Resolveu a Junta da Galiza diminuir este dispositivo em 30%, no final de 2005, decisão que deixou marcas;
c) A limpeza e ordenamento das matas deixou e deixa muito a desejar;
d) Os meios aéreos revelaram-se insuficientes, apesar da boa frota de aviões de grande capacidade que possui;
e) A coordenação Junta / Municípios é deficiente, muitas vezes condicionada por interesses e cores político/partidárias;
f) Os políticos, no momento em que deveriam ser combatidos os fogos e evitadas as catástrofes naturais e humanas, estavam ocupados em acusações e contra-acusações, denunciando esquemas e cabalas que, até à data, não conseguiram provar, levantando ainda mais fumo do que aquele que era provocado pelas chamas.
g) A plataforma Nunca Mais, criada e celebrizada durante a ressaca do desastre com o navio "Prestige" voltou à cena, através dos seus intelectuais, denunciando um fogo como um acto de "revanche" da direita. Tristes, pobres e desmiolados intelectuais galegos...