Os profissionais dos Bombeiros Voluntários
O "Diário de Notícias" do dia 11 de Abril chamou para manchete os gastos dos bombeiros voluntários com a sua estrutura profissional que visava compensar a crise do voluntariado para serviços de emergência e combate a incêndios. Esta notícia, obviamente, não está correcta.
O que se passa na realidade é que as corporações de bombeiros voluntários foram "obrigadas" a contratar pessoal e a montar uma estrutura permanente de serviços, para darem resposta ao grande volume de solicitações no campo do transporte de doentes (sobretudo para tratamentos de fisioterapia, outros tratamentos e consultas) e para transferências (no caso de Ponte de Lima, do hospital local para o distrital ou para hospitais centrais). Pela errada via inicial, a notícia infere ainda que o aumento dos custos com a estrutura profissional dos Bombeiros Voluntários (mais de 70 milhões de euros/ano) não teve a devida correspondência com a diminuição da área ardida. Outro grande paradoxo. Os meios profissionais dos Bombeiros não fazem prevenção de incêndios, mas sim transporte de doentes, razão pela qual esta extrapolação nunca poderá ser realizada e deita por terra os pressupostos da notícia.
Numa questão a notícia do jornal diário tem razão. A crise do voluntariado. De facto, hoje em dia, não é tão fácil conseguir elementos para um corpo activo de bombeiros e muito menos, elementos disponíveis para um corpor activo de bombeiros. Este facto não pode passar indiferente aos olhos dos responsáveis, pois é necessário projectar os serviços de socorro para os próximos dez anos. A realidade é que os bombeiros possuem um corpo profissional, mas não possuem ainda pessoal em número suficiente, inteiramente disponível para os serviços de socorro e combate a incêndios. Esta situação deve merecer a reflexão dos responsáveis políticos nacionais e locais, para bem dos bombeiros e da segurança das populações.
A tão falada estrutura mista, de profissionais para uma reacção rápida e primeira intervenção, e de voluntários para a rectaguarda e reforço, é aquela que, neste momento e num futuro próximo, melhor poderá servir as populações e os bombeiros. O combate a incêndios florestais não pode ser a ocupação primeira e principal dos bombeiros nos meses de Verão, mas sim uma intervenção de complementaridade, de reforço em situações limite. Esse encargo deve estar na alçada de equipas de sapadores florestais, que combatem os incêndios no Verão e limpam e ordenam a floresta no inverno.
Os serviços de socorro e bombeiros necessitam, pois, de uma grande e profunda reforma, capaz de os tornar mais eficazes. Esta seria sempre uma reforma útil, capaz de dotar a sociedade de meios humanos capazes de cumprir a sua grande missão: "Vida por vida".