OS DETRACTORES DA DEMOCRACIA
A democracia é um bem, que urge preservar. Desde Abril de 1974 que, gradualmente, os ventos da democracia invadiram a sociedade portuguesa. Passaram 32 anos e muito foi já feito para que Portugal atinja a plenitude democrática, da igualdade de direitos e oportunidades, dos cidadãos livres e responsáveis. Mas 32 anos não foram suficientes para a consolidação plena do regime democrático. Infelizmente não são os melhores que gerem a coisa pública, são normalmente os mais bem posicionados dentro dos partidos; os favores e as cunhas ainda se sobrepõem ao mérito e às listas de prioridades; as pessoas, esse grande objectivo das políticas nos regimes democráticos, são muitas vezes ultrapassadas pelas coisas, pelo materialismo, pela economia.
Num regime democrático os partidos têm um papel central e são um dos seus mais importantes garantes. Devem, por isso, ser uma montra de virtudes e de transparência, devem constituir um modelo da ideal sociedade democrática. Mas tem sido precisamente nos partidos que a democracia mais tem regredido. Tornaram-se estruturas fechadas, blindadas, pouco transparentes e sujeitas aos interesses daqueles que os gerem. É dentro dos partidos que tudo se decide e, muitas vezes, à revelia do verdadeiro interesse público. Os incapazes tomam de assalto as estruturas partidárias, gerem-nas como se de algo seu se tratasse, utilizam-nas de acordo com os seus interesses, esquecem-se rapidamente das suas responsabilidades.
Quando num partido vale tudo, mesmo tudo para manter o poder, quando não se reage com indignação à batota ou à fraude, quando não se tiram as devidas ilações dos resultados que se obtém, quando é um “circulo de amigos” que o gere, quando não se respeita a diferença de opiniões nem se suporta a crítica ou o reparo, ouso dizer que tudo vai mal e que o partido está moribundo, deixando de ser um partido para se transformar num espaço de interesses circunscritos.