segunda-feira, agosto 17, 2009


Naturalidade e competência

A União Europeia esbateu as fronteiras do velho continente, promoveu a livre circulação de pessoas e caminhamos a passos largos para o aprofundamento do relacionamento entre os povos que integram a União. Nas eleições locais, podem eleger e ser eleitos cidadãos de outras nacionalidades integrantes do espaço da União. Muitos emigrantes portugueses em França, Bélgica, Luxemburgo, Alemanha, entre outros, ocupam cargos políticos nas localidades onde residem. É o efeito da nova Europa que nunca ouvimos contestar, pois as políticas e desenvolvimento locais constroem-se com aqueles que melhor preparados estiverem para coporizar o sentimento e o desejo dos colectivos que servem.
Se tal se verifica entre cidadãos de nacionalidades diversas, o mesmo deve acontecer com os nossos concidadãos que, sendo naturais de outras localidades, querem servir a localidade que os adoptou, onde trabalham, casaram, se estabeleceram ou, simplesmente, pretendem servir. O que deve nortear uma escolha consciente nas eleições autárquicas não é a localidade de onde um candidato é natural, mas a identificação com a localidade que quer servir, a sua capacidade para o exercício dos cargos e as suas ideias para promover o desenvolvimento local.
Vem estas ideias a respeito de alguns comentários que lemos em blogues locais sobre o local de nascimento ou de habitação de candidatos às próximas autárquicas. São absolutamente descabidos, insensatos e desajustados no tempo. Numa Europa sem fronteiras não deveriam já existir opiniões tão radicais e que apenas pretendem distorcer a realidade.
O facto de Victor Mendes não ser natural de Ponte de Lima ou de António Carlos Matos morar num concelho vizinho nada belisca a sua capacidade para o exercício dos cargos para que são candidatos, nem pode comprometer uma apreciação isenta e objectiva do eleitorado.
Se assim não fosse, como poderia António Carvalho Martins, nascido e criado em Ponte de Lima, ser o candidato do PSD em Viana do Castelo?
Como poderia David Martins também natural de Ponte de Lima ser deputado por Faro e candidato ao Município de Albufeira?
Ou como poderia o Humberto Cerqueira, colega dos bancos de escola, ser candidato à Presidência do Município de Momdim de Basto pelo PS?
Se estas candidaturas nos honram, porque estes são limianos de sucesso, porque não haveremos de ficar honrados com o facto de pessoas com capacidade comprovada quererem servir as terras que escolheram para viver?