A Federação de Canoagem quer mesmo ganhar medalhas?
Fernando Pimenta é o atleta limiano que mais alto tem chegado a nível nacional e internacional, sucedendo a Nuno Barros, outro enorme expoente da canoagem de Ponte de Lima. Ainda júnior sagrou-se campeão da Europa e, neste primeiro ano de sénior, já destronou Emanuel Silva um dos maiores expoentes de sempre da canoagem nacional e atleta olímpico. Os resultados do Fernando têm sido notáveis, e a sua terra natal está orgulhosa de tudo o que tem feito por Ponte de Lima e pela canoagem nacional. O quarto lugar alcançado em K1 500 na Taça do Mundo e o oitavo lugar em K1 1000 nos Europeus realizados este fim-de-semana na Alemanha foram mais dois grandes momentos, que só o talento, a capacidade física e mental do Fernando Pimenta e a enorme capacidade do seu técnico Hélio Lucas tornaram possível. Estes dados são suficientes para, como limianos e amantes do desporto, dizermos muito obrigado ao atleta e seu técnico, porque nos fazem vibrar com o que fazem e sonhar ainda com muito mais.
Só que temos uma espinha atravessada na garganta: a Federação Portuguesa de Canoagem. De facto esta estrutura, que deve proporcionar aos seus atletas e técnicos as melhores condições para trabalharem e evoluirem, ainda não entendeu que, sem os técnicos dos atletas, os seus conhecimentos e capacidade para tirarem o máximo partido das suas capacidades, todos ficamos a perder. Fica a perder o país, que não consegue melhores resultados, fica a perder a federação que poderia ter chegado muito mais além, ficam a perder os atletas e técnicos, cujos resultados poderiam ser maximizados.
A Federação teima em chamar para estágio os atletas seleccionados. Tal facto é legítimo, mas não deve impedir os técnicos de os acompanharem e mesmo de poderem planificar em conjunto com o seleccionador o treino. Como não deve impedir, antes o deveria fomentar, os técnicos de acompanharem os atletas para as provas no estrangeiro.
A canoagem, em muitas das suas disciplinas é um desporto individual, como o ténis, a natação, e mesmo o atletismo. A preparação destes atletas está entregue aos seus treinadores nos clubes 10 meses por ano e apenas um ao seleccionador.
Fernando Pimenta conseguiu bons resultados na Alemanha. Mas ficamos com a sensação que poderiam ter sido ainda melhores se o autismo que reina na Federação de canoagem não for devidamente ultrapassado. O Fernando pode chegar muito mais longe com Hélio Lucas a seu lado. Todos o sentimos, como sentimos que o atleta regride na sua forma sempre que passa uns dias em estágio. Por isso ficamos com a dúvida se a Federação mPortuguyesa de Canoagem quer mesmo ganhar medalhas nas provas internacionais em que participa...