Reflexão de fim-de-semana
Um Norte mais forte com a regionalização
O Jornal de Notícias de 2 de Maio, publicou um vasto dossier sobre a crise económica e política com que se debate o Norte de Portugal. O retrato é desolador: a riqueza diminuiu, o poder de compra vtambém, o desemprego aumento, a qualificação é mais reduzida. A região, que já foi o motor económico do país, foi ultrapassada em toda a linha por inúmeras euro-regiões e é, presentemente, uma das mais deprimidas da União.
Só no Minho-Lima a riqueza criada diminuiu quase 9% entre 1995 e 2004 e o poder de compra situa-e nos 67,1 pontos, longe da média nacional (100).
As razões para tão grande problema são, ou podem ter sido diversas: a primeira, e mais importante, é o centralismo crescente. "Portugal é Lisboa e o resto é paisagem", uma máxima tão apregoada no passado, nunca teve tanta actualidade como hoje; a crise económica, a falta de protagonistas com capacidade reivindicativa, o défite que significa a inexistência de uma liderança estratégica a Norte; o desinvestimento governamental , são alguns dos motivos apontados para que se tenha chegado a esta situação.
E como sair deste pântano? Depois de tentadas várias soluções, que apontavam, numa primeira fase, o municipalismo como garante de uma justiça maior nos investimentos, pela sua proximidade e pela cultura e tradição do país, depois de tentadas as associações de municípios e, mais tarde as Grandes Áreas Metropolitanas e Comunidades Urbanas, associativismo intermunicipal que agora terá que se organizar de acordo com as NUT's, em avanços e recuos que não deixam consolidar modelos, a quem nunca foram dados meios financeiros, a solução parece ser apenas uma: a Regionalização.
Podem vociferar contra mais lugares de nomeação política, mais empregos para os rapazes, o que hoje não me levanta dúvidas são as virtualidades de um poder intermédio, que retire competência e poderes aos Municípios mas que traga para junto de nós competências que hoje pertencem à administração central, capacidade de decisão, dinheiro e justiça na sua distribuição.
Dir-me-ão que as assimetrias continuarão. De acordo, mas serão mais localizadas e mais fáceis de debelar. Hoje as assimetrias existem a partir do momento em que deixamos Lisboa. Este país transformou-se num buraco onde o único ponto de luz incide sobre a capital. Não é o que desejei nem desejo para o futuro.
O movimento pela regionalização está em marcha e a adesão de autarcas e cidadãos tem sido significativa. Alguns dos mais importantes protagonistas do Minho estão nesse barco e nessa luta, porque já entenderam que esse é o único caminho. Nós, por cá, também!