quarta-feira, dezembro 31, 2003

MUDANÇA DE PARADÍGMA
(Conclusão)

O que se passa é que o desenvolvimento estratégico do concelho falhou. E falhou sobretudo na captação de investimentos, motor de qualquer economia, que levassem à criação de postos de trabalho que, por sua vez, aumentariam o consumo dentro do próprio concelho. Os equipamentos até agora construídos, salvaguardando as virtualidades da maioria deles, são altamente deficitários, onerando muito a despesa corrente municipal pois falham rotundamente na promoção da comparticipação dos seus custos de manutenção.; a atractividade é cada vez mais reduzida, com a consequente perda da quantidade e qualidade dos turistas que nos procuram; o desenvolvimento das acessibilidades em Ponte de Lima não foi aproveitado pois o importante eixo rodoviário em que nos situamos tem servido para que os limianos demandem outras paragens e outros mercados e não para atrair visitantes e consumidores de qualidade.
Julgo que é, pois, este o momento de repensar Ponte de Lima.
Em primeiro lugar aqueles que projectam e pensam Ponte de Lima têm que ser substituídos. Foram sempre os mesmos e sente-se hoje uma enorme necessidade de arejamento. Depois, somos demasiado pequenos para pensarmos sós, fechados sobre nós próprios. O futuro deve ser pensado e planificado com base em parcerias, em colaboração com outras autarquias e instituições. O Vale do Lima é pequeno, muito pequeno, não tem corpo, peso e massa crítica suficientes. Não concordo pois com a Comunidade Urbana do Vale do Lima, decidida unilateralmente pelos autarcas dos respectivos municípios. Veria com satisfação o seu alargamento a outros concelhos, sobretudo quando esses concelhos, como consequência da decisão dos autarcas do Vale do Lima, ficariam impedidos no seio da sua associação, de acederem a fundos provenientes da administração central. Contudo, nesta questão particular, dou o benefício da dúvida, sempre assente em dois importantes pressupostos: o primeiro, de que as portas da Comunidade Urbana nunca estarão fechadas a outros candidatos; o segundo por estar convicto que este nunca será um processo de regionalização, não passando a comunidade urbana de uma associação de municípios com mais competências e mais meios.
O mesmo não se pode dizer relativamente ao Pacto Para o Desenvolvimento do Minho, lançado e dinamizado pela Universidade do Minho, tantas vezes acusada de estar longe das populações, sobretudo das do distrito de Viana do Castelo. Esta é uma grande oportunidade, onde nada temos a perder e, com toda a certeza, muito a ganhar. Começou mal, concordo, mas os erros foram ultrapassados, estando reunidas as condições necessárias para vermos, termos e sentirmos o Minho unido como nunca esteve, em torno de um grande objectivo: a coesão e a correcção de assimetrias, projecto em que estarão envolvidas universidade e politécnicos, empresários, sindicatos e municípios. Só assim poderá ser delineado um rumo, uma estratégia que sirva também Ponte de Lima, uma ideia para toda uma região que não pode viver de costas voltadas. Só com coesão se pode defender o desenvolvimento, que tem que ser coerente, consistente e articulado. Só com novas ideias se poderão promover as condições de vida das populações, através do acesso à formação, emprego e cultura. Só com coesão poderemos transformar o Minho, como se pretende com o Pacto, num projecto-piloto de desenvolvimento, transformação e inovação.