segunda-feira, dezembro 29, 2003

MUDANÇA DE PARADÍGMA
(Continuação)

A minha percepção é a de que há ainda muito a fazer mas, muito do que falta, enquadra-se no campo daquilo que considero ser essencial para o conforto e qualidade de vida das populações. E esta é uma questão central, porque leva-nos a concluir que, até hoje, se gastou muito dinheiro no acessório, deixando para segundo plano o que, teoricamente, seria mais importante. Faltou uma correcta avaliação e definição de prioridades. E de nada serve dizer que ainda se vai fazer muito até 2006 porque estas deviam ser as prioridades absolutas desde a primeira hora, já lá vão mais de dez anos. Sendo certo que “mais vale tarde que nunca”, também não podemos esquecer que “quem espera desespera”.
E de que falamos concretamente?
Do abastecimento de água e saneamento, em que estamos longe, muito longe, das necessidades e metas definidas e dos níveis de outros concelhos vizinhos. Ainda hoje o progresso nesta área é lento. Continuando no mesmo contexto, a ETAR existente continua a funcionar de forma deficiente e não tem capacidade para tratar a quantidade de efluentes que até ela chegam; a montante de Ponte de Lima, e das suas captações de água, existem diversas descargas directas no Rio Lima; ETAR do Pólo Industrial da Gemieira ainda não funciona; a praia fluvial do Arnado (que parece que já não é) parece ter sido abandonada; o Rio Labruja traz-nos frequentemente #grandes surpresas”; na educação, o Primeiro Ciclo do Ensino Básico continua alegremente sem acção social escolar, num concelho onde existem famílias com grandes carências; só agora se fala em Centros Escolares, quando temos uma rede demasiado extensa, sem articulação, o que lhe retira qualidade e eficácia; o desporto continua a ser o parente pobre do município, nunca motivado para uma área essencial quando se fala de qualidade de vida; o turismo, a potenciação, preservação do enorme manancial ambiental e patrimonial do concelho têm sido secundarizados e as consequências são bem visíveis: o domingo em Ponte de Lima é o melhor painel ilustrativo da decadência do sector. Não podemos apregoar qualidade e praticar a mediocridade; o desenvolvimento do concelho foi sempre operacionalizado a duas velocidades: a velocidade da sede do concelho e a das restantes 50 freguesias. Foi uma Presidente de Junta eleita nas listas do mesmo movimento do Presidente da Câmara Municipal que o disse na comunicação social: “Há cinco anos e meio na presidência e falta fazer quase tudo. Só pensa (o P. C.) em fixar o dinheiro na vila e esquece as aldeias, sobretudo as que ficam mais longe da sede do concelho”
(Continua)