PORQUE NÃO ARCOZELO A VILA?
(continuação)
O Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima não vê vantagens em “tornar uma vila cidade e uma freguesia em vila”, não parecendo muito agradado com a ideia do grupo parlamentar do Partido Comunista, embora “não veja nela inconvenientes”. Será bom recordar que a vila de Ponte de Lima se negou a ser cidade, por entender que “mais vale ser uma vila de primeira do que uma cidade de segunda”, opinião emitida pelo Presidente da Câmara Municipal. Embora a opinião fosse emitida pelo representante do concelho e não da vila de Ponte de Lima, que seria o presidente da junta respectivo, trata-se evidentemente de uma decisão do foro emocional, que mais conteúdo não tinha do que o reforço do orgulho dos limianos, sobretudo no seu passado – a vila mais antiga de Portugal, de acordo com o slogan municipal, e na qualidade de uma vila que se distingue no meio de tantas outras, em detrimento de uma cidade que naturalmente se diluiria no meio de muitas outras com maior dimensão e projecção.
O que parece estar errado em todo este processo é a argumentação utilizada pelo Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima, pois foi precisamente a mesma que eximiu para recusar a elevação de Ponte de Lima a cidade, quando as situações são diametralmente diferentes, tanto ao nível dos contextos, como das dimensões e da expressão da própria mudança. Quem defendeu Ponte de Lima como uma vila de primeira deve também, com a mesma força, em nome do orgulho das suas populações e dos próprios responsáveis políticos que concordam com a iniciativa, defender a elevação de Arcozelo, pela legitimidade do “outro lado do rio”, fortemente urbanizado e requalificado, a freguesia mais populosa do concelho com força económica e social que, com toda a certeza nunca será uma vila de segunda e poderá ajudar, senão mesmo forçar Ponte de Lima a ser ainda melhor. Embora as vantagens físicas ou materiais da elevação de Arcozelo a vila não existam de facto, existe um aspecto emocional que não pode nem deve ser descurado, e um desafio para a própria vila de Ponte de Lima que não deve ser minimizado.