Quem nos representa?
Já todos o sabemos: os deputados são integrados em listas apresentadas pelos partidos políticos e eleitos mercê dos votos obtidos num determinado círculo eleitoral, cujo número de eleitos é definido em função do número de eleitores.
Posto isto, uma questão pode ser colocada: afinal quem representam os deputados eleitos: o partido que os integrou nas listas, os eleitores do círculo por onde foram eleitos ou os dois ao mesmo tempo?
Esta questão foi suscitada por Nuno Matos, no blogue Ponte de Lima, e tem toda a pertinência.
De facto, em período pré-eleitoral parece que os candidatos a deputados serão os representantes no Parlamento e junto do Governo daqueles que os elegeram, tal a capacidade de contacto com as populações, o desdobramento em reuniões, conversas e promessas que conseguem gerar. Depois de eleitos, os primeiros meses podem até parecer um prolongamento da campanha eleitoral, e alguns contactos e encontros mantém-se, com uma assídua presença sobretudo quando da presença de memebros do Governo.
Só que, passados alguns meses, tudo se transforma. Parece que os deputados "esquecem" quem os elegeu e passam a representar exclusivamente o partido cujas listas integraram.
O que se esperava deles não era isso. Para um distrito tão distante do poder e da sua sede, era fundamental contar com deputados presentes, atentos e interventivos relativamente às questões locais. Era mesmo o seu dever, na maior parte dos casos não cumprido.
Enquanto que os deputados afectos ao partido do poder estão mais ocupados em defender as opções do "seu" Governo e do seu partido, do que em defender os interesses locais, tantas vezes divergentes, pelo menos os deputados da oposição poderiam ocupar esse espaço deixado vago pela maioria. Infelizmente tal não acontece e quem perde é o distrito.
Obviamente, no meio de tanta regra, existem excepções. E a excepção no distrito de Viana do Castelo chama-se Abel Baptista, aquele que aqui já apelidamos de "o único deputado do distrito", por ser aquele que ainda faz ouvir a sua voz relativamente aos problemas que afectam esta região.
Por isso, quando se aproxima o momento em que todos aqueles que, há quatro anos, foram eleitos pelo distrito voltarem aos seus contactos com a população, em pré-campanha ou em pleno período de campanha, convém não esquecer aqueles que realmente cumpriram a sua missão e trabalharam em prol do Alto Minho.