O meu primeiro professor...

(Um mês depois da sua partida)

Não consigo precisar de onde veio tal influência. Não posso, em abono da verdade, que me senti inspirado em qualquer figura.
O que é um facto é que hoje sou professor, professor do 1º Ciclo do Ensino Básico, a quem muitos ainda chamam primários. Primário de primeiro, de iniciador, embora o termo possa encerrar outras conotações.
O que é certo - tal aconteceu comigo e não sei se o mesmo se passa com os outros - é que a minha memória parece que bloqueou no momento em que deixei a minha velha escola da Avenida e passei a frequentar outros estabelecimentos de ensino. Recordo-me das aulas, da sala, das difícieis condições de trabalho e das dificuldades por que todos passávamos, recordo-me dos meus colegas, dos seus nomes, do que fazímaos nos recreios e durante o caminho entre casa e a escola. Recordo-me de tudo, sobretudo do meu professor.
No final de Julho, quando regressava de um curto período de férias e quando pela primeira vez passava junto à Matriz, estava a terminar a missa de sétimo dia do Professor César Esteves.
Senti um enorme vazio e uma pena imensa de não me ter com ele cruzado nas últimas semanas para soltar mais um "olá professor".
Mas fica sempre a memória, aquela que me permite hoje, quase quarenta anos depois, lembrar os momentos em que dava os primeiros passos na escola e, depois, me ajudou também a alimentar a ânsia de ler, com o seu trabalho na biblioteca itinerante da Gulbenkian: aqulelas sextas-feiras à tarde nunca mais chegavam...
Por tudo isto, sinto que devo esta homenagem, o dever de partilhar aquilo que sinto, mas sobretudo a partilha do que lhe devo.

Até sempre PROFESSOR!