segunda-feira, junho 23, 2008

É a vida?

O assunto não é pacífico. Vivemos tempos de crise, uma crise profunda sem fim à vista. O mercado comanda as nossas vidas e parece inevitável que os mais fracos sucumbirão às ironias do destino.
No entanto, o que há dois anos parecia uma heresia, parece que hoje é um tema que entrou nos circuitos da actualidade, que está a merecer reflexão em muitos sectores e há já muitas associações representativas a procurar uma saída para uma situação que se antevê calamitosa.
Estamo-nos a referir à problemática do pequeno comércio, sobretudo aquele que está disseminado pelos quatro cantos das zonas urbanas do nosso país.
Já estivemos praticamente isolados nesta cruzada. A Confederação do Comércio ia-nos fazendo companhia, mas num nível diferente. Agora assistimos às associações empresariais e comerciais a despertarem para esta realidade.
Não vale a pena "olhar para o lado", este é um problema de todos, em primeiro lugar dos comerciantes, depois dos governantes e finalmente de todos os que podemos assistir a um desastre sem precedentes, com milhares de pessoas no desemprego.
Por vezes custa assumir esta problemática como sendo de todos, daí vozes dissonantes aremessando a solução para o regaço dos próprios comerciantes. Mas é de todos, se entendermos que será o estado a pagar, inevitavelmente, a crise, através da Segurança Social.
Para mudar atitudes, para ultrapassar preconceitos, basta olhar um pouco para o passado recente e verificar o que se passou entretanto:

- Desregulação na abertura de grandes superfícies comerciais;
- Mercado tomado de assalto pelos grandes grupos económicos;
- Localização imprópria dos grandes espaços comerciais;
- Dificuldades de acesso e estacionamento nos centros históricos;
- Comerciantes endividados, sobretudo devido aos programas de modernização, que implicaram grandes gastos financeiros, que nunca tiveram qualquer retorno;


Poderíamos aqui referir dezenas de outras razões, para sustentar a necessidade de intervir nesta matéria. Se ao olharmos desta forma para o passado, sem dogmas nem qualquer tipo de preconceito, facilmente entenderíamos que a classe está indefesa e foi traída pelos governantes nacionais e locais. Basta que o "mea culpa" seja assumido e, a partir daí, será fácil minimizar os efeitos do monstro terrível que se abateu sobre o pequeno comércio.