domingo, outubro 05, 2003

O DESMORONAR DE UM MODELO DE DESENVOLVIMENTO?

Daniel Campelo pretende reunir em Ponte de Lima todos os autarcas do Alto Minho, com vista à tomada de uma posição conjunta relativamente ao estudo de Daniel Bessa para o Ministério da Economia - PRASD - Programa de Recuperação de Áreas e Sectores Deprimidos que, inexplicavelmente, deixou de fora o Alto Minho. Pelos vistos, a união e tomadas de posição a uma só voz dos autarcas do Alto Minho é importante para Campelo, embora só quando troveje o autarca limiano se lembre de Santa Bárbara. O mesmo não pensou quando da decisão de avançar para as Comunidades Urbanas, em que a Valima prefere falar sozinha. Pelo menos, é de esperar que pense como agora para que o Pacto para o Desenvolvimento do Minho, proposto pela Universidade do Minho, seja uma realidade.

As preocupações de Daniel Campelo são legítimas, facilmente comprovaveis e devem fazer ponderar os limianos. Nos últimos anos, o concelho de Ponte de Lima tem vindo progressivamente a perder poder de compra (ao contrário da maioria dos outros concelhos do distrito), situando-se neste momento (de acordo com o PRASD), na cauda do distrito. O concelho de Ponte de Lima é o pior do distrito de Viana do Castelo no que diz respeito ao poder de compra os seus habitantes. É desmoronar de uma política passadista, baseada em estratégias desadequadas que conduziu o concelho ao estado actual. A via da preservação do património, preservação e expansão de espaços verdes, aposta em equipamentos públicos centrados na sede do concelho, esqueceu a outra face da moeda: o desenvolvimento económico, melhoria das condições de vida das populações e poder de compra. No entanto, Ponte de Lima continua a ser o segundo concelho do distrito, sede de um importante eixo rodoviário e lindamente situada em termos geográficos.
O que tem faltado, então?

Olhando para o índice do poder de compra do Alto Minho, ponto de partida para o estudo de Daniel Bessa, é indiscutível que o Alto Minho devia fazer parte das áreas de intervenção. Com apenas dois concelhos acima do limiar dos 75% da média nacional do poder de compra (Viana do Castelo e Caminha), é imprescíndivel que os estudiosos e os responsáveis políticos entendam que, embora no litoral, o Alto Minho padece dos mesmos problemas dos que sofrem os malefícios da interioridade. Só assim, poderá este distrito aspirar a mais e melhor no futuro. Não se compreende pois que Daniel Bessa, Homem que tão bem conhece o distrito de Viana do Castelo, sendo inclusivamente Presidente da Mesa da Assembleia Municipal de Vila Nova de Cerveira, o tenha deixado de fora. Ou acredita que o Alto Minho está de vento em popa, não necessitando de apoio ou investimento, ou já o dá como um caso perdido, onde já não compensa investir.