Uma comédia trágica!
Poderia, alguma vez, transformar-se uma tragédia numa comédia?
Nas artes cénicas talvez não, mas na política parece ser o pão nosso de cada dia.
Senão vejamos:
Em tempos idos Gomes da Silva, Ministro de Santana Lopes manifestou o seu desconforto pelo longo tempo de antena dado a Marcelo Rebelo de Sousa na TVI, aproveitado por este para "zurzir" fortemente no governo que integrava. Marcelo esteve pouco tempo mais naquela estação televisiva. Foi um clamor no país, porque era um atentado à liberdade de imprensa, porque os mais elementares direitos estavam em risco. Foi trágico!
Nos últimos tempos, Manuela Moura Guedes ficou sem o seu jornal, Moniz foi despachado da TVI, José Manuel Fernandes foi substituído na direcção do jornal "Público" e, agora, a RTP em nome da pluralidade põe um ponto final no programa de Marcelo. Tudo normal nesta país à beira mar plantado, que assiste impávido e sereno ao afastamento de todas as vozes incómodas ao Sr. Sócrates. Uma comédia!
Por cá terminou o inquérito público ao TGV. O Município detesta os dois traçados, os autarcas das freguesias atravessadas pelo traçado poente entendem que o melhor corredor é o nascente e, como não podia deixar de ser, os autarcas cujas freguesias são dizimadas pelo traçado nascente entendem que o "monstro" deve passar pelo traçado poente. Uma tragédia!
Só que esta história do Município assumir uma posição contrária aos dois corredores sem disfarçar a preferência pelo traçado nascente, tem contornos de uma verdadeira comédia.
Será possível, será aceitável que o Município adjudique uma obra emblemática, de grande significado para o concelho e para as freguesias que vai servir, como é o Centro Educativo das Lagoas, situado em pleno corredor poente do TGV, no preciso momento em que decorria o inquérito público e em que clamava aos sete ventos que ambos eram maus para o concelho e que não tinha preferência por nenhum?
Ou já sabe o Município que o corredor escolhido será o nascente?
A comédia tem todos os contornos de uma tragédia...