domingo, fevereiro 08, 2004

OS EFEITOS NEFASTOS DA LIBERDADE NA INTERNET
A Internet é um espaço de liberdade. Mas a liberdade só pode atingir a sua plenitude com responsabilidade.
Os weblogs, ou blogs, como são correntemente conhecidos surgiram há cerca de uma dezena de anos nos Estados Unidos. São diários electrónicos, criados e geridos numa plataforma onde a sua manutenção é de extrema simplicidade. Durante muito tempo praticamente desconhecidos, assumiram papel de relevo na recente guerra do Iraque, onde jornalistas e habitantes de Bagdad mantinham o mundo ao corrente dos últimos desenvolvimentos. Em Portugal, depois de alguns anos na sombra, tiveram o seu boom quando o mediático Deputado Europeu Pacheco Pereira criou o seu blog. Daí para cá a moda pegou com grande força.
Com a adesão de mais e mais cibernautas aos blogs, surgiram rapidamente os aproveitamentos desta plataforma, simples de criar e gerir e que, como muitas outras coisas na Internet, pode ser anónima. E aqui surge a inicial questão da responsabilidade. Só com esse sentido e com a noção que a cidadania só atinge a sua plenitude quando soubermos respeitar os outros, é que é possível fazer vingar a liberdade e os espaços onde ela se manifesta, internet incluída.
Vem isto a propósito do surgimento de blogs anónimos onde imperam os insultos gratuitos a pessoas perfeitamente identificadas, onde o seu bom nome e a sua honorabilidade é colocada em causa sem direito à prova, à defesa e ao contraditório. É a pior forma de resolver os problemas e o pior caminho para elevar o debate público.
Depois da Ponte da Barca, chegou a vez de Ponte de Lima ter um blog especializado no insulto. É lamentável. Perde a liberdade, perde a democracia, perde o debate de ideias aberto e frontal, perdem os weblogs que são assim descredibilizados quando podiam ser valorizados. Mas ganha a mesquinhez, a desconfiança e a calúnia.
Seria bom para Ponte de Lima, para a democracia e para a elevação de debate político que weblogs desse tipo fossem apagados, obviamente pelo seu autor, o único que o pode fazer.